segunda-feira, dezembro 31, 2007

Bee Movie (2007)

Deslocar-me ao cinema para ver um filme de animação não é habitual, mas quando se tem o Medeia Card e o Jerry Seinfeld está envolvido no filme, a coisa muda de figura. Bee Movie parte de uma piada de Seinfeld sobre uma possivel revolta das abelhas se soubessem o que nós fazemos com o seu mel. O filme obedece a todas as regras dos filmes de animação americanos, apelando tanto às crianças como aos adultos, existindo piadas e referências que claramente só os adultos perceberão. Trata-se de um humor abrangente, como convém neste tipo de filmes, e até é, em grande medida, engraçado. O filme tem de facto piada, dentro do género, mas possivelmente o que o salva é mesmo a co-autoria de Seinfeld, e a voz que emprestou à personagem principal, a abelha Barry. Felizmente o filme não se alonga por mais de hora e tal, porque se o fizesse correria seriamente o risco de perder toda a piada. E apesar das potencialidades da animação por computador, confesso que prefiro desenhos animados à maneira antiga. Para quê tentar que a animação se pareça com a realidade?
Até para o ano!

domingo, dezembro 30, 2007

Radiohead, Jigsaw Falling Into Place

Antes que arrumem as coisinhas para viajar para algum lado, antes de fazer balanços do ano que finda e promessas para o que começa, antes de abrir o tradicional espumante, tempo há para ouvir o primeiro videoclip do novo álbum dos Radiohead, In Rainbows: "Jigsaw Falling Into Place" (nem que seja a última coisa que façam este ano).

quinta-feira, dezembro 27, 2007

Colheita de Filmes 2007

Cinema King, de 27/12/2007 a 9/01/2008: 3.50€

quarta-feira, dezembro 26, 2007

Natal em Lisboa

Natal em Lisboa, anos 50

Baixa de Lisboa, Natal 1957, por Judah Benoliel

Avenida Guerra Junqueiro, Natal 1959, por Armando Serôdio

quinta-feira, dezembro 20, 2007

Put the Lights on the Tree, Sufjan Stevens

A semana tem sido terrível, a chuva não para, o Natal não há meio de passar, e este ano que nunca mais muda de algarismo! Proponho que a partir de agora o Natal seja apenas comemorado a 29 de Fevereiro, ou seja, de 4 em 4 anos.


Sufjan Stevens - Put The Lights On The Tree

Put the lights on the tree
(Put them on the tree)

Put the ribbon on the wreath
(Put it on the wreath)

Call your grandma on the phone
(Call her on the phone)

If she's living all alone
(If she's all alone)

Tell her Jesus Christ is here
(Tell her He is here)

Tell her she has none to fear
(There is none to fear)

If she's crying on the phone
(Crying on the phone)

Tell her you are coming home
(You are coming home)

La la la la la la la

terça-feira, dezembro 18, 2007

Paranoid Park, de Gus Van Sant (2007)

Nova incursão de Gus Van Sant pelo universo ambivalente da adolescência. Desta vez, é-nos contada a história de um jovem americano, skater, que acidentalmente mata um homem nas imediações de uma área perigosa de Portland, chamada Paranoid Park, uma espécie de zona nobre e vip para os praticantes de skate. Esse é o mote para que o realizador filme mais uma vez o desencanto da vida nos jovens americanos, a apatia perante o que os rodeia, o total alheamento face às questões políticas e sociais do país e do mundo, mas também o desespero e a angústia interiores, o viver em silêncio um acontecimento tão grave. Através do recurso a planos fixos e de câmara lenta (fotografia de Christopher Doyle, colaborador habitual de Wong Kar-wai), em detrimento de um enredo mais elaborado, Gus Van Sant aproxima-se mais do espectador, porque nos deixa também em suspenso, e dá-nos igualmente tempo para contemplar a obra, mas também para reflectir sobre a nossa própria existência. Para lidar com os seus fantasmas, nada melhor que escrever sobre eles, e melhor ainda queimá-los no fim. A verdade foi escrita, foi assumida e consciencializada por ele, apenas não foi revelada a outrem. Mas o exercício de purgação da alma foi feito. Do ponto de vista do espectador, a cena em que o jovem queima o que escreveu é de facto marcante, para tal ajudando a música de Elliot Smith. Paranoid Park é um filme que transpira sensações, e cabe a nós captá-las uma a uma. É entre silêncios que muitas vezes, coisas importantes são transmitidas.

domingo, dezembro 16, 2007

Don't Shoot Me Santa, The Killers

Os Killers lançaram o single "Don't Shoot Me Santa", a propósito do Natal, e com o objectivo de angariar fundos para o combate da probreza em África. Muito original!

Don't shoot me Santa Claus
I've been a clean living boy
I promise you
Did every little thing you asked me to
I can't believe the things I'm going through

Don't shoot me Santa Claus
Well no one else around believes me
But the children on the block they tease me
I couldn't let them off that easy

E porque hoje é domingo: "Everyday is like sunday"

Everyday is like sunday
Everyday is silent and grey



Já há algum tempo que não ouço Morrissey. O bar Incógnito, na madrugada de sexta para sábado, relembrou-me que há coisas que não podemos deixar de fazer.

quinta-feira, dezembro 13, 2007

Cai neve em Lisboa

Não, apesar do frio, a verdade é que não cai, mas já caiu.


Parque Eduardo VII, Lisboa, 1945. Por Judah Benoliel, Arquivo Municipal de Lisboa

Aeroporto da Portela, Lisboa, 1945, Arquivo Municipal de Lisboa

segunda-feira, dezembro 10, 2007

I am a Sex Addict, de Caveh Zahedi

Extensão Indie Lisboa / Universidade de Lisboa / 03/12/2007


Este é um filme que passou este ano no Indie Lisboa, e que foi reposto, entre nós, na passada segunda-feira, na Universidade de Lisboa (a propósito da extensão do festival). Caveh Zahedi é o realizador e escritor independente norte americano desta autobiografia. Momentos antes de se casar, Caveh conta-nos um pouco da sua história, como o seu vício em sexo (especificamente com prostitutas) influenciou e afectou a sua vida, as suas relações e a sua maneira de encarar o que o rodeia. A forma como nos conta a sua historia é verdadeiramente vertiginosa e apesar de ser um assunto sério, a ligeireza com que trata o assunto, demonstra que o acto de nos sabermos auto-criticar é sinónimo de maturidade e que é bom ter a capacidade de saber rir de nós próprios. Caveh contratou algumas actrizes para interpretar as mulheres da sua vida, contracenando com elas de forma a reproduzir alguns episódios da sua existência. Associa a essa narrativa, algumas imagens caseiras das referidas épocas, o que é um elemento ilustrativo muito eficaz. A perspectiva que o realizador nos traz é a de um homem muito consciente de si próprio e do seu problema, e que acima de tudo não sabe mentir. Caveh sempre tentou incluir este seu problema na relação que teve com a sua primeira esposa, e seguintes namoradas. É também um homem muito tímido, porque apesar do seu vício, não perde facilmente qualquer inibição. Em parte, parece que estamos a olhar para o problemático, neurótico e incompreendido Woody Allen. O filme termina com um novo casamento de Caveh, com aquela que considera a mulher da sua vida, já após vários anos de terapia. Um final feliz, portanto, num filme que, contudo, não cede a nenhuma convenção ou lugar-comum.

http://www.iamasexaddictthemovie.com

The Thrills "Teenager" (2007)

Ainda não tinha referido aqui um dos álbuns do ano: "Teenager", The Thrills
Como sugestão, aqui ficam os singles deste álbum:

The Midnight Choir



Nothing Changes Round Here

domingo, dezembro 09, 2007

Nouvelle Vague @ Casino de Lisboa

8-12-2007

Nunca tinha ido ao Casino de Lisboa e também só tinha entrado uma vez num casino (Estoril) para ver um concerto dos The Gift. Contudo, era lá que os Nouvelle Vague iam dar uma espécie de after-show (coisa rara por cá), poucos minutos depois de sairem da Aula Magna. O concerto foi gratuito, pelo que já se esperava uma afluência significativa. Ficou provado que fazer concertos em Casinos não é lá muito boa ideia, principalmente quando são feitos no meio das áreas de jogo e junto à área de restauração (a chamada Arena Lounge)... Quanto aos Nouvelle Vague, confesso que não tinha ideia que tanta gente os conhecia, que se tinham tornado num fenómeno relativamente massificado, e que cada vez que vêm cá esgotavam salas. Na minha ignorância, pensava poder ver o concerto com alguma tranquilidade. Apesar das condições adeversas, a visibilidade era boa, mas o som péssimo, não por culpa da banda, que tocou durante 1h15 com direito a encore, após terem dado um concerto de perto de 2h na Aula Magna. Mas aquele não era só o público que não conseguiu bilhete para o concerto (e que os tentou ouvir e ver atentamente), era também gente que estava no casino não só para jogar como para confraternizar (gente que nessa noite não tinha os bares da Expo, ja que estavam fechados devido à cimeira UE-Africa) e que, portanto, não se calavam! Ainda que acústico e apenas com 4 elementos da banda (um teclista, um guitarrista, duas cantoras), deu para perceber que não convém perder uma futura oportunidade (e não duvido que seja num futuro próximo).

Set list:
dancing with myself
ever fallen in love?
blue monday
human fly
guns of brixton
too drunk to fuck
heart of glass
dance with me
escape myself
love will tear us apart
just can't get enough
plans for nigel
a forest
teenage kicks
tainted love (encore)

sábado, dezembro 08, 2007

O tabaco e a nova lei

Segundo um artigo hoje publicado na comunicação social, e de acordo com a nova legislação em vigor a partir de 1 de Janeiro, vai ser Proibido fumar em todos os centros comerciais.
Provavelmente esse será um dos melhores contributos para a revitalização das Baixas das cidades. Pode ser que os shopaholics se comecem a descolocar para zonas de comércio ao ar livre, e as Baixas (e outras zonas comerciais ao ar livre) voltem a ter gente!
E já agora, se os restaurantes e cafés também aderirem... passaremos a ter mais esplanadas ao ar livre!
Enfim... utopias...

quinta-feira, dezembro 06, 2007

As bandas sonoras da nossa vida

Sempre achei que as nossas vidas seriam muito mais interessantes e coloridas se tivessemos sempre uma banda sonora a acompanhar-nos. Em cada momento que vivemos derrepente começaria a tocar a música perfeita para esse momento, como nos filmes, mesmo que só nós a ouvissemos. De certa forma, hoje estamos mais próximos que nunca dessa possibilidade, com a música a ser cada vez mais portátil, ainda assim falta-lhe o automatismo para que a cada momento a canção ideal apareça (e que ultrapasse o mero trautear na nossa cabeça). Enquanto esse fenómeno não é inventado, restam-nos a bandas sonoras dos filmes, que também fazem parte da nossa vida.
Seguem 3 bons exemplos, de filmes recentes. "Across the Universe" reúne várias músicas dos Beatles, interpretadas pelos actores do filme, mas com novas roupagens. "Control", reúne o que de melhor tocava nos tempos dos Joy Division (desde Bowie a Roxy Music). "Les Chansons d'Amour" são, como nome indica, canções de amor, interpretadas pelos actores do filme e por Alex Beaupain, autor das músicas.

terça-feira, dezembro 04, 2007

RIP The Sopranos 1999-2007

The end?

Passou ontem o último episódio dos Sopranos. Aquando da transmissão nos EUA, gerou bastante polémica porque tudo fica em aberto e cabe ao espectador imaginar o que pode ter acontecido. Quanto a mim é uma opção inteligente. Alguns assuntos ficaram arrumados, outros ficaram em aberto, mas outra coisa não seria de esperar de uma série que sempre funcionou ao contrário do nosso raciocínio. Parece incoerente? Não. Seria se agora tudo acabasse bem, ou tudo acabasse mal. Coerência é ter sido possível mais uma vez jogar com a lógica natural das coisas e inverter o que seria óbvio. Os mais cepticos poderão dizer que este final abre caminho a uma continuação, quem sabe no cinema. Talvez... mas como purista, não sei se gostaria. O futuro o dirá.

Para quem quiser rever, segue a cena final, que curiosamente tem mais uns 3 segundos (no final) que a que passou cá...

quinta-feira, novembro 29, 2007

Control, de Anton Corbijn (2007)

Love will Tear Us Apart

O meu contacto com os Joy Division pode dizer-se que é "recente". Nasci apenas um ano depois da morte de Ian Curtis e apesar de não saber muito bem quando comecei a reconhecer os primeiros acordes de músicas como "Love will Tear us Apart", "Transmission", ou "She's lost control", a verdade é que não foram assim tantas as vezes que ouvi os seus álbuns, o que não significa que não necessite de os ouvir de vez em quando, e que os aguarde com alguma ansiedade, em muitas dessas noites por aí. Acabei por acompanhar mais, naturalmente, a banda pós Ian Curtis, os New Order. Mas foi o filme "24 Hour Party People" que inicialmente me chamou a atenção para essa personagem incompreendida, conflituosa e amaldiçoada que é Ian Curtis.Talvez porque não sou um fã incondicional da banda, é que terei gostado tanto do filme. Porque o apreciei apenas enquanto filme e vendo Ian Curtis para além do mito, apenas na sua dimensão humana, e claro está, mortal. E que dificil tarefa essa de fazer um filme tão aguardado, um biopic de alguém tão amado e venerado. Mas Anton Corbijn fê-lo na perfeição nesta que é a sua primeira realização para cinema. Corbijn é um conhecido fotógrafo (daí a perfeição estética da fotografia do filme), responsável pela realização de alguns videoclips.

"Control" documenta os últimos anos da vida de Curtis (na verdade, são também os primeiros enquanto jovem adulto), desde a relação com a sua mulher, com quem casou muito cedo e teve uma filha, à relação com a amante, a luta e o inconformismo face à doença (epilepsia) e o medo do que o futuro lhe reservava enquanto artista em ascensão. Ian Curtis suicidou-se a 18 de Maio de 1980, mas é impressionante a actualidade e proximidade desta figura. Muito se tem escrito sobre este filme. Foi capa de publicações como "Ipsilon" (do Jornal Público), "Actual" (do Expresso), com grande destaque na Blitz, Time Out,etc. São artigos e críticas em grande parte escritos pelos tais fãs incondicionais, ou pelo menos por alguém que tenha um conhecimento suficiente da obra da banda e da história do seu vocalista. Também por isso não me atrevo a escrever muito mais. Destaco no entanto, e ainda, as excelentes interpretações do quase estreante Sam Riley (que já tinha estado em "24 Hour Party People", contudo a sua cena não fez parte da versão final do filme) e Samantha Morton (de quem me lembro do filme de Woody Allen, "Sweet and Lowdown"). Destaco ainda a fotografia, a preto e branco, mas também a cinzento e o tom sombrio da película, tão próximos da personalidade de Curtis e do cinzentismo da sua história. E por fim, a excelente banda sonora: Joy Division, New Order, David Bowie, Roxy Music, Velvet Underground...

http://www.controlthemovie.com/

quarta-feira, novembro 28, 2007

Across the Universe, de Julie Taymor (2007)

Across the Universe, é mais um filme que chega às nossas salas de cinema tendo como pano de fundo a música, a par dos recentes "As Canções de Amor" e "Control". Este filme de Julie Taymor (realizadora de "Frida"), passa-se nos quentes anos 60 americanos, por alturas da guerra do Vietname, num momento em que o lema era "Peace and Love" e se fazia a apologia de "Make Love, Not War". A esse cenário juntaram-se algumas músicas dos Beatles, misturou-se tudo muito bem com um razoável argumento e boas interpretações, condimentou-se com muita côr e muita dança, mas por fim serviu-se apenas um prato morno. Trata-se de um filme muito bem intencionado, que parte dessa grande oportunidade que é a utilização do espólio musical dos Beatles, cujas letras se associam ao argumento e no fundo conduzem e dirigem completamente a história, mas no fim, sabe a pouco. Ainda assim, tem momentos muito bem conseguidos e visualmente apelativos (ao estilo de alguns videoclips dos Beatles ou de material dos Monty Python, e até mesmo o universo onírico de "A Ciência dos Sonhos"), mas que infelizmente são apenas uma parte melhor concretizada de um todo menos conseguido. São 131 minutos de película que pouco tempo deixam para mais do que as 33 músicas dos Beatles que constituem o filme (ainda que, em alguns casos, sejam recriadas brilhantemente, sublinhe-se). Ficamos, pois no meio entre um musical que não o é totalmente, e uma história que nunca chega a ser consistente. Mas o saldo é positivo e felizmente está em cartaz, disponível para visionar, criticar, adorar ou detestar, embora seja daqueles filmes que a Lusomundo (distribuidora do filme) normalmente edita só em DVD, o que só por si, fará dele, certamente, um filme de culto.

Indie Lisboa 2007/2008

Enquanto o Indie Lisboa 2008 (que terá nova imagem) não chega, na próxima semana haverá oportunidade para ver ou rever alguns filmes da edição 2007.
As sessões decorrerão na Sala de Conferências da Reitoria da Universidade de Lisboa, de 3 a 7 de Dezembro, às 18h. Entrada Gratuita.

Programa:
3 Dez. – Segunda-feira, 18h I am a sex addict , de Caveh Zahedi, EUA, 2005, 98'
4 Dez. – Terça-feira, 18h Balaou, de Gonçalo Tocha, Portugal, 2007, 77'
5 Dez. – Quarta-feira, 18h Analog Days , de Mike Ott, EUA, 2006, 80'
6 Dez. – Quinta-feira, 18h Patterns 3 , de Jamie Travis, fic., Canadá, 2006, 18'A Ilha da boa vida, de Mercês Gomes, doc., Portugal/Índia, 2006, 24'Zepp, de Moritz Laube, fic., Alemanha, 2006, 45'
7 Dez. – Sexta-feira, 18hLife in Loops: a Megacities Remixe, de Timo Novotny, Áustria, 2006, 79'

Mais informações em www.indielisboa.com e www.ul.pt

domingo, novembro 25, 2007

Cinemas em Lisboa II

Mais alguns cinemas de Lisboa.

Cinema Nimas: na Av. 5 de Outubro ainda se mantém esta sala, onde passam normalmente reposições, ciclos de cinema ou filmes de autor. É uma espécie de familiar do King, pertencente ao mesmo grupo. A fachada mantém-se. O interior continua muito vintage.


Cinema Roma: actual Fórum Lisboa, na Av. de Roma. Em termos de cinema a sua utilização actual resume-se ao Indie Lisboa e a outros festivais ou acontecimentos pontuais. De resto, enquanto propriedade da Câmara Municipal de Lisboa, alberga as reuniões da Assembleia Municipal e outras actividades promovidas pela CML. A fachada mantém-se.


Cinebolso: cinema pornográfico, ali para os lados do Saldanha. A fachada mantém-se igual à da foto. Esta semana a não perder "Ultimatos e Abusos Anais".


Cinema Império: um majestoso cinema, que mantém ainda a sua fachada. Lá por dentro, só Deus sabe o que se passa. É, há muitos anos, propriedade da IURD. O café Império, independente do cinema, é um dos últimos cafés antigos da cidade, recentemente reaberto com a nova cara.

Tal como no post anterior, a fonte das fotos é o Arquivo Municipal de Lisboa.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Cinemas em Lisboa

E por falar em cinemas em Lisboa, ficam aqui algumas imagens que fazem parte do passado.

Cinema Alvalade. Demolido recentemente para dar lugar a habitações de luxo, escritórios de luxo e cinemas de luxo de nome Hollywood Residence. O Cinema chamar-se-á Cinema Versailles e será gerido pela CinemaCity, também já responsável pelos cinemas do Campo Pequeno.


Cinema Éden: Faz falta um cinema na Praça dos Restauradores. Em vez disso e depois da saudosa Virgin Megastore, o edificio, além de Hotel de Luxo, alberga a maior Loja do Cidadão da cidade.

Cinema Condes: a fachada mantém-se, mas hoje de cinema não tem nada. Actualmente é o Hard Rock Café.


Cinema Apolo 70: dos cinemas do velhinho centro comercial Apolo 70 já não existem vestígios. Apenas o centro comercial se mantém, mas não deve ser por muito mais tempo, já que existem projectos para renovação daquela área até Entrecampos.

quarta-feira, novembro 21, 2007

Cinema King Triplex - Parte 2

Num artigo sobre "Cinemas Antigos de Lisboa a desaparecer" (que vale a pena ler), publicado hoje no jornal Metro, Paulo Branco, proprietário do King desmente categoricamente que este vá fechar:

"O produtor aproveita, ainda, para desmentir uma informação avançada por Fernando Lopes, em declarações ao «Correio da Manhã». O realizador disse, então, que o cinema já tinha sido vendido para «a construção de garagens do Hotel Lutécia». Paulo Branco assegurou que esta notícia «é um boato» e que «não é verdade»".

Resta saber se o produtor se refere a ser um boato e não ser verdade que o cinema já esteja vendido ou se toda a notícia não tem fundamento.
Por enquanto a questão continua a ser apenas abordada lateralmente. Esperamos, no entanto, que tudo não passe de um equívoco ou de um negócio que efectivamente não se vai concretizar.

terça-feira, novembro 20, 2007

Cinemas King, outro fim anunciado?

Já há muito que sabiamos que o produtor Paulo Branco, proprietário da Medeia Filmes, detentora dos cinemas King e Nimas, em Lisboa, e com presença nos cinemas Monumental, Saldanha Residence, entre outros, estava em apuros financeiros. Depois dos megalómonos projectos falhados da exploração das salas de cinema do Alvaláxia e do Freeport de Alcochete, e com o fecho do cinema Ávila (do mesmo grupo), eis que se segue o encerramento do King, segundo o jornal Correio da Manhã (a propósito do fecho do Quarteto), para “a construção de garagens do Hotel Lutécia”.
O que vai ser da Atalanta Filmes, distribuidora que faz parte do grupo Medeia, e responsável pela programação do melhor cinema da cidade? Quem vai agora passar filmes menos comerciais, essencialmente europeus, asiáticos, nacionais ou independentes? É certo que não tinha o fulgor de outrora, mas pelas suas salas passaram grandes filmes de realizadores pouco conhecidos a par de conceituados cinaestas, ciclos de cinema de autor, sessões temáticas, uma programação de excelência, em salas muito mais confortáveis e com melhores condições do que por exemplo o Londres, Quarteto ou até mesmo algumas salas do Monumental ou Saldanha, numa zona com Metro, comboio e autocarros e numa das áreas residenciais e comerciais mais importantes de Lisboa (Av. Roma).

É óbvio que ninguém pode por as culpas no produtor, este tem um negócio, e tem de o gerir. Mas a Câmara Municipal, ou mesmo o Ministério da Cultura têm de estar atentos a estas situações. Com a saída de cena do King, abre-se uma grande lacuna em termos de programação cinéfila na cidade de Lisboa. E não estou aqui sequer a falar de um nicho de mercado dos mais residuais, estou a falar de uma imensa minoria, como vulgarmente se diz.
Cada vez mais, quem quer ver bom cinema tem de se limitar aos Festivais (de que o Indie ou o Doc são bons exemplos), ou a Cinemateca, que ainda assim não tem capacidade (nem será certamente do seu âmbito) para estrear novas produções. O Indie Lisboa, inclusive, já não irá usar o King como parceiro, optanto este próximo ano pela sala do Teatro Maria Matos, mesmo ao lado do King (a par do habitual cinema S. Jorge, Londres e Fórum Lisboa).
Alguém que pegue no Quarteto, faça as devidas obras, e adopte a programação cultural de distribuidoras como a Atalanta ou a Midas Filmes. Já que a Câmara não pega no extinto cinema Ódeon, mesmo ao lado do antigo Condes (actual Hard Rock Café). Salas camarárias como o S. Jorge ou o Fórum Lisboa poderiam também ter uma programação regular alternativa (que podia ser entregue a uma entidade privada), nos períodos em que estas salas não estão a ser usadas para festivais, concertos e outras actividades.
Aguardam-se mais novidades de mais uma atentado à cultura. Para já apenas existe uma pequena nota neste jornal.

sábado, novembro 17, 2007

Cinema Quarteto...fechado

Inspecção fecha cinema

Ainda há poucos dias falei aqui da situação do cinema Quarteto. A 5 dias de completar 32 anos, o cinema foi fechado pelo IGAC devido a “anomalias graves que colocam em risco a segurança do público”.
Ler as noticias aqui:

sexta-feira, novembro 16, 2007

Animal Collective, "Strawberry Jam" (2007)

Mais boa música que tem passado por aí nos últimos tempos. Fica a sugestão.

Track #1 Peacebone

Track #5 Fireworks
(o trautear mais conhecido do último Verão, a seguir ao assobio de Superstars II de David Fonseca)


quarta-feira, novembro 14, 2007

Sicko, de Michael Moore

No cinema Nimas, Lisboa

Desta vez Michael Moore foi longe demais. Com "Sicko", o realizador está mais tendencioso, simplista e ficcional que nunca. O seu objectivo é mais uma vez demonstrar o lado podre da América, mais especificamente o sistema social de saúde, contrapondo-o a países que considera exemplos "democráticos", como Canadá, França, Inglaterra ou mesmo Cuba. Fá-lo, sem comparar mais nenhuma variável, isolando o sistema de saúde e tecendo as consideraçoes que bem lhe apetece. Não estávamos à espera de outra coisa. Este filme não é obviamente um trabalho jornalistico isento, mas sim um documentário que é claramente a visão do homem, cidadão e realizador Michael Moore. Mas é precisamente essa atitude de moralizar sem parecer que o está a fazer, ou o acto de criticar, dando a ilusão que apresenta todos os lados da moeda, que faz do realizador um caso ímpar. Quanto mais não seja pela comicidade do filme, ainda que verse sobre assunto tão sério, justifica-se o visionamento do filme, e como já referi anteriormente aquando da passagem de "Manufacturing Dissent" pelo Doc Lisboa, Moore consegue trazer à ordem do dia assuntos que de outra forma estariam adormecidos. Para o bem para o mal é também nisso que reside o seu mérito.
http://www.sicko-themovie.com

terça-feira, novembro 13, 2007

Beirut "The Flying Club Cup" (2007)

O novo álbum dos Beirut está aí para descobrir novas sonoridades, sensações e experiementar novos estados de espírito. Se por um lado, no estilo musical assemelha-se a alguns momentos Yann Tiersen e com alguns ares de Divine Comedy, ao nível vocal, a voz do vocalista Zach Condon aproxima-se à de Owen Pallett que não é mais do que o mentor dos Final Fantasy, colaborador dos Arcade Fire, e que neste álbum é responsável pelos arranjos de cordas, e canta uma das músicas do álbum. Não se trata de comparar, mas apenas identificar referências já que os Beirut valem por si.

Beirut: "Elephant Gun", do EP que antecedeu este álbum.


E um cheirinho de Final Fantasy (que tive a honra de conhecer há 2 anos em concerto na Galeria ZDB):

Final Fantasy - He Poos Clouds

Beirut: www.beirutband.com

Final Fantasy: www.myspace.com/owenpalletmusic

domingo, novembro 11, 2007

As Canções de Amor, de Christophe Honoré

Depois do filme "Em Paris", o realizador Christophe Honoré volta e encontrar esta cidade, que serve uma vez mais de cenário a um filme seu. De facto, começa a ser dificil imaginar um filme deste realizador sem que a cidade das luzes não seja ela própria uma personagem, tão importante como as demais. "Les Chansons de Amour", fala-nos naturalmente, de amor, que aqui é visto nas suas mais diversas espécies e feitios. Mas a saudade, a família, a perda e a solidão, são igualmente eixos estruturantes do enredo, temáticas essas que já nos anteriores filmes vimos reflectidas.

Louis Garrel, é uma vez mais um actor fundamental num filme de Honoré. É um dos melhores actores da sua geração, estando mesmo a criar um estilo muito próprio. Cada filme em que participa, é como se acompanhassemos um pouco da sua evolução, um capítulo da sua vida, como se em todos os filmes em que entra (mesmo os que não são de Honoré), a personagem fosse a mesma, ainda que com diversas máscaras e em distintos ciclos da sua evolução. Essa personagem-tipo que Garrel está a construir é a do jovem inquieto, divertido, infantil, que não quer crescer, bon vivant e boémio. Este Ismael, sua personagem, não é muito diferente, mas está mais instrospectivo, mais maduro e pela primeira vez tem um emprego!. Neste filme, a sua personagem vê o seu triângulo amoroso desfazer-se devido a um acontecimento devastador.

O filme divide-se em três actos, sempre com música à mistura, que aqui não é um mero efeito decorativo. As músicas são do artista Alex Beaupain, interpretadas pelos próprios actores e conferem ao filme um efeito único que só os musicais conseguem criar. Sabemos o que vai na alma das personagens através desta excelente banda sonora. Ao mesmo nível de "Em Paris", "As Canções de Amor" é um filme original, que vai beber muitas das suas influências à Nouvelle Vague francesa, actualizando-a e refrescando-a, com uma boa história e realização, bons actores (incluido também Chiara Mastroianni), excelente banda sonora, e... Paris!

Let's look at the trailer:

sexta-feira, novembro 09, 2007

Festival Número Projecta 07

de 8 a 14 de Novembro, Lisboa

O Festival Internacional de Artes Multimédia, Cinema e Música está no Cinema S. Jorge, Quarteto (até que enfim, albergam novamente qualquer coisa a ver com cinema) e Centro Cultural o Século.
http://www.numero-projecta.com

quinta-feira, novembro 08, 2007

Interpol @ Coliseu de Lisboa

7/11/2007

Coliseu cheio, ambiente incendiário, é caso para chamar a polícia, é caso para chamar os Interpol!

Concerto eficiente, nem muito efusivo, mas nem por isso deprimente. São os Interpol a não fugir muito ao seu registo habitual (que já tinham apresentado em Junho no Festival SBSR), mas ainda assim a levar os fãs mais acérrimos ao êxtase.
Crítica e fotos no site Blitz.

quarta-feira, novembro 07, 2007

A Morte do Sr. Lazarescu

Estreia 8 de Novembro

Em Maio de 2006, referi aqui que este filme "foi um dos melhores filmes em competição no festival Indie Lisboa 2006 (recebeu uma Menção Especial), e espera-se que venha a ter estreia comercial porque é demasiado bom para ficar circunscrito ao circuito dos festivais". Ano e meio depois, quando já nem esperava por edição em DVD, eis que a Atalanta se lembrou de o distribuir. Fica o trailer para abrir o apetite.

terça-feira, novembro 06, 2007

Cinema Quarteto, o cinema fantasma


Em Janeiro de 2004, referi aqui o que Eduardo Prado Coelho no jornal Público sentenciava: "Mas também o Quarteto decaiu e se tornou um lugar inóspito onde quase ninguém se lembra de ir". Não podia estar mais certa a visão deste cronista, entretanto falecido. Recentemente voltei ao Cinema Quarteto, e deparei-me com um cenário no mínimo caricato. O Cinema Quarteto é o que considero um cinema fantasma. Neste momento a programação é constituida por filmes repetidos, de alguma qualidade, e em alguns casos passam pouco tempo depois da estreia, ou quando ja não se apanham em nenhuma outra sala, o que até considero positivo. Considero até que faz todo o sentido existir um cinema de repetições (antigamente Lisboa tinha vários cinemas de reprise, onde normalmente o povo via os filmes a preço acessível, já que as grandes estreias no Tivoli, Condes, Odeon, Eden, eram quase sempre para a elite). Contudo, não podia estar mais decadente, embora o atendimento até tenha sido exclusivo. O mesmo senhor que me vendeu o bilhete, foi quem projectou o filme. A sala estava vazia, e acabou por ser um previlégio o visionamento de um filme desta forma. O preço do bilhete parece-me demais, 4 euros, mas até entendo que haja custos a suportar. O bar estava fechado, provavelmente por ter sido um dia de semana à tarde, mas não tenho a certeza que abra à noite.

Mas há algo de único no Quarteto, um certo glamour decadente, como lhe chamaram aqui. São os posters vintage nas paredes, os acessos às salas, feitos via estreitas escadas, que por vezes subimos e descemos às escuras, as películas que já estão gastas, o cheiro a mofo, as cadeiras vermelhas já muito usadas e até os bilhetes antigos e em escudos (não sei se é assim intencionalmente, para dar um ar de revivalismo kitch ou porque a máquina é mesmo antiga). Foi um cinema de autor e de filmes de vanguarda (como se refere aqui), criado no pós 25 de Abril. É uma pena ver este cinema morrer. Por um lado a sua localização não é das melhores. Não se passada nada na Av. EUA, entre a Av. de Roma e Entre-campos, não há esplanadas, cafés ou comércio, só vai para aqueles lados que vive lá. Por outro lado, o Quarteto nos últimos anos, sempre teve dificuldade em competir com outras salas, o que advém do facto de muitos produtores serem igualmente distribuidores e até proprietários de cinemas (como é o caso da Castello Lopes). Ainda recentemente, as salas do Quarteto eram requisitadas para festivais e ciclos de cinema: Semana do Cinema Espanhol, Festival de Cinema Gay e Lésbico, Cinema Fantástico - Inatel, maratonas de filmes por altura de aniversário... hoje, pelo que me contam, até há sessões que atrasam porque há salas alugadas a entidades que nada têm a ver com a Sétima Arte (ao estilo cinema Império, se é que me estão a entender...). Alguém que pegue naquilo antes que seja tarde! Que bom seria poder ver lá, de forma regular, filmes que por exemplo tivessem passado em festivais como o Indie Lisboa, Doc Lisboa, Fantasporto ou Festroia, e para os quais há público. Talvez um dia...

segunda-feira, novembro 05, 2007

O regresso dos Joy Division

A obra dos Joy Division vai ser reeditada em Portugal, remasterizada e com extras. Notícia aqui.
A 15 de Novembro estreia por estas bandas o filme "Control", de Anton Corbijn, sobre a história de Ian Curtis, vocalista dos Joy Division. Fica aqui o trailer:

domingo, novembro 04, 2007

Postais Ilustrados

Lisboa

Mais alguns postais ilustrados da cidade (clicar para aumentar). Desta vez 3 praças a preto e branco. Desconhecem-se as datas.



sexta-feira, novembro 02, 2007

Manufacturing Dissent: Uncovering Michael Moore, de Rick Caine e Debbie Melnyk
DocLisboa 2007

Quem é Michael Moore? Um amigo da Humanidade, ou um mentiroso manipulador? A uma semana da estreia do novo filme deste realizador polémico, o Doc Lisboa passou, no passado domingo, "Manufacturing Dissent: Uncovering Michael Moore". O filme, inicialmente pensado como um documentário de elogio ao trabalho de Moore, acompanhou os seus movimentos durante a campanha eleitoral americana de 2004, na qual Moore tentou mobilizar o país para não votar em Bush, acompanhando também a estreia do polémico "Fahrenheit 9/11". Perante o facto de não conseguirem marcar uma entrevista com Michael Moore, o feitiço vira-se contra o feiticeiro, e como fiéis discípulos do modelo adoptado por este, o âmbito deste filme é alterado no sentido de desmascarar aquele que consideram um verdadeiro hipócrita. Adoptando então o modelo de entrevistas a conhecidos, amigos, rivais, colaboradores, etc, de Moore, o filme tenta por a nú os métodos e meios que o realizador utiliza nos seus documentários. São apresentadas algumas incoerências, processos de edição que revelam manipulação intencional, adulteração de factos, etc. Na verdade Moore até pode manipular a verdade em alguns momentos, mas ninguém é obrigado a acreditar em tudo o que vê, e a "verdade" que apresenta nos seus filmes deve ser sempre questionada e não apenas interiorizada como verdade absoluta. A sua visão das coisas deve ser entendida como isso mesmo, uma visão, como outra qualquer. Tem, contudo, o mérito de colocar na agenda política norte-americana (e mundial) determinados temas. Este documentário contra Moore, pode e deve ser também questionado, até porque também ele parece manipulador e tendencioso. Custa-me a crer que este filme, pensado originalmente como uma "homenagem ao mestre", passe tão facilmente para o seu oposto. Dizer mal de Moore acaba por ser fácil. Não sou particularmente fã do género Michael Moore, mas como se costuma dizer, não é com vinagre que se apanham moscas! Quem é afinal Michael Moore? Ficámos ainda sem saber.

O filme está editado em DVD pela Midas Filmes.

quarta-feira, outubro 31, 2007

Praça do Comércio/Terreiro do Paço
Anos 70/80

A revista Time Out mostra na sua edição desta semana,uma imagem do Terreiro do Paço, nos idos anos 80, quando era pouco mais que um estacionamento. Oportunidade para mostrar aqui algumas imagens (postais ilustrados) dessa época, quando a praça era dos carros (não que hoje seja das pessoas, mas isso já é outra conversa).




Lisboa: Eléctrico 24

Como cidadão que vive em Lisboa, e vê nos transportes públicos (e em particular nos Eléctricos) a solução mais viável para uma melhor mobilidade e qualidade de vida da cidade, associo-me a iniciativa do Fórum Cidadania Lx, no sentido de recuperar o Eléctrico 24, que a Carris tirou a Lisboa, prometendo repô-la em 1998, o que nunca aconteceu.

Petição: 'Lisboa precisa da carreira de eléctrico nº 24'

Doc.«É preciso apostar forte no carro eléctrico»

terça-feira, outubro 30, 2007

All about my father, de Even Benestad
DocLisboa 2007

"All About my Father", é um curioso documentário sobre um respeitado médico norueguês, que é também um mediático travesti. Realizado pelo seu filho, este filme conta-nos a história de uma família pouco convencional, através de algumas imagens antigas de Super 8, intercaladas com entrevistas aos familiares. Este homem tenta dar a conhecer o seu ponto de vista. Como o próprio defende, é um homem que tem um lado feminino que gosta de explorar, não deixa de ser homem por querer também ser mulher, mas só se sente completo podendo alternar ambas as formas de estar. É um homem que sempre se interessou por mulheres, e que, mesmo quando encarna uma, é por elas que se sente atraído. Mas mais do que a história de um travesti, este é um filme que aborda o impacto desse aspecto específico, numa família, a forma como os filhos (já adultos) se relacionam com o pai, como reagiram ao divórcio dos pais, a relação que têm com a actual madrasta (e a relação que esta tem com o seu marido), etc. A grande dúvida destes filhos é como continuar a ver no seu pai, um Homem, uma vez que ele também quer ser uma Mulher e se comporta como tal. Este filme permite-nos reflectir e debater as fronteiras do género, e por a nú as representações correntes acerca de sexualidades, géneros e identidades. Um travesti não tem necessariamente de ser homossexual, mas a coisa complica-se quando um travesti é heterossexual, casado e com filhos. Do ponto de vista social, como deve ser visto este homem? A questão fica por responder, porque 71 minutos é muito pouco tempo para chegar a alguma conclusão.
Antes deste filme passou "My Body", de Margreth Olin, interessante abordagem sobre os complexos que cada um de nós tem com o seu corpo.

segunda-feira, outubro 29, 2007

Lisboa dentro, de Muriel Jaquerod e Eduardo Saraiva Pereira
Doc Lisboa 2007

"Lisboa Dentro", documentário de Muriel Jaquerod e Eduardo Saraiva Pereira (realizado com fundos suíços), leva-nos a uma Lisboa que muitos tendem a ignorar. Uma Lisboa pobre, degradada e triste. O filme acompanha a equipa da Câmara Municipal e das Sociedades de Reabilitação Urbana, que vistoriam os cerca de 10.000 prédios degradados que existem na capital. No coração de Lisboa há casas completamente degradadas, mas que continuam a ser habitadas. Em pleno século XXI, é díficil conceber como é possível existir vida humana no interior dessas casas, na sua maioria população idosa e doente. Este registo, tenta dar-nos a conhecer uma realidade que tende a estar afastada do discurso político, e da sua agenda. É uma viagem ao um mundo diferente, onde pouca gente quer entrar, porque é mais fácil ignorar essa realidade. Ao olhar para esta autêntica selva, não sabemos se devemos chorar, se rir... porque apesar de tudo, estas pessoas, na adversidade, ainda conseguem ter sentido de humor. Mais do que um filme sobre casas, rendas, senhorios, inquilinos, este é uma filme que põe a nú um dos principais problemas da cidade de Lisboa, a sua reabilitação patrimonial e acima de tudo, humana.

Arquitectura de peso, de Edgar Pêra
Doc Lisboa 2007

"Arquitectura de Peso" é uma curta metragem do sui generis realizador Edgar Pêra, que tem por hábito nos seus filmes aliar a cultura popular à cultura erudita. Trata-se de um filme-provocação, como gosta de lhe chamar, sobre algumas das obras, "de peso", realizadas em Portugal nos últimos anos: CCB (que foi palco, há 14 anos, da presidência portuguesa da CEE), Parque das Nações (onde se realizou a Expo 98), os estádios de Futebol (para o Euro 2004) e a Casa da Música (que deveria ter sido inaugurada no Porto Capital da Cultura 2001). Imagens de arquivo da RTP projectadas nestes cenários, articuladas com a música do cantor popular Nel Monteiro (aqui referenciado como cantor de intervenção), que neste filme representa a "voz do povo", fazem deste filme um registo único, original e acima de tudo muito divertido. De forma muito criativa, o filme permite-nos reflectir sobre os enormes gastos em obras arquitectónicas de necessidade duvidosa, em contraponto com a pobreza (financeira, cultural, educacional, etc) de um país que continua na cauda da Europa. Como diz (e chora) esse grande sábio popular, Nel Monteiro, a modernização de uma país tem obrigatoriamente de passar pela erradicação da sua pobreza!

quinta-feira, outubro 25, 2007

Elle s'Appelle Sabine, de Sandrine Bonnaire
Doc Lisboa 2007

"Elle s'Appelle Sabine" é um documentário tocante e comovente sobre o percurso de vida de Sabine Bonnaire, irmã da realizadora do filme. Sabine desde cedo demonstrou um comportamento atípico, necessitava de cuidados especiais e de acompanhamento permanente. Assistimos a excertos de filmes de arquivo pessoal, que reunem 25 anos da vida de Sabine articulados com a actualidade. Relativamente ao passado ficamos a conhecer uma mulher, adolescente activa, com independência suficiente para ter a sua moto, que aprende a tocar piano (após ter de abandonar o ensino tradicional), que tem um discurso que flui quase tão bem como qualquer pessoa dita "normal". Contudo, resultado de deficientes diagnósticos, Sabine, hoje com 38 anos, é uma mulher completamente diferente. É impressionante a regressão de Sabine, após ter sido internada, sem um diagnóstico eficaz, durante 5 anos numa clínica para pessoas com deficiências mentais. Engordou 30 quilos, perdeu muita da sua autonomia, tem um discurso repetitivo, olhar catatónico, treme, baba-se e por vezes é agressiva e ordinária. Será que Sabine encontra-se no estado em que está apenas por causa da sua doença ou será que foi o contexto que lhe proporcionaram que provocou o actual cenário? Será que no sítio onde está hoje, com o diagnóstico correcto de Autismo (com comportamento psico-infantil) vai estancar esta regressão e permitir recuperar algumas das capacidades entretanto perdidas? Será que algum dia tudo isto vai ser diferente? São questões que a realizadora, actriz e irmã, Sandrine Bonnaire, coloca de forma muito pertinente, interrogando, com este caso particular, todo um sistema de saúde, o que faz de forma emotiva e sensível (de outra forma não poderia ser), e sem recorrer à lágrima fácil. Um retrato impressionante, que também devido à fama da actriz Sandrine Bonnaire, tem tido bastante eco pela Europa fora.

quarta-feira, outubro 24, 2007

Devendra Banhart
Smokey Rolls Down Thunder Canyon

O verdadeiro artista tem um novo álbum. Paragem obrigatória!

1. Cristobal
2. So Long Old Bean
3. Samba Vexillographica
4. Seahorse
5. Bad Girl
6. Seaside
7. Shabop Shalom
8. Tonada Yanomaminista
9. Rosa
10. Saved
11. Lover
12. Carmensita
13. Other Woman
14. Freely
15. I Remember
16. My Dearest Friend

http://www.devendrabanhart.com/

http://www.myspace.com/devendrabanhart

terça-feira, outubro 23, 2007

Family, de Sami Martin Saif e Phie Ambo
Doc Lisboa 2007

Este documentário de 2001, realizado por Sami Saif e a sua namorada Sophie Ambo (Sami Saif realizou posteriormente "Dogville Confessions", sobre "Dogville" de Lars Von Trier), foi uma agradável surpresa. Após a morte da sua mãe e do seu irmão, na Dinamarca (Sami também é dinamarquês), este jovem realizador de cinema (na altura com 28 anos) resolve encetar uma procura pelas suas origens e busca da sua identidade. Na verdade o pai de Sami é um antigo piloto de aviões oriundo de Iémen, que teve 2 filhos com uma dinamarquesa. Assistimos inicialmente à sua pesquisa, principalmente via telefone, e posteriormente (e após localizar os seus familiares), acompanhamos a sua visita ao Golfo Pérsico, onde encontra uma família surpreedente que o acolhe de uma forma muito original. A familia é assim. Por um lado não conseguimos viver sem ela, por outro queremos manter uma distância que nos permita respirar. E essa relação amor/ódio também está aqui presente, neste documentário com grande carga emotiva, emoção que no entanto contrasta (e bem) com uma vertente mais divertida. "Family" é um filme que facilmente joga com as nossas emoções, porque é simples identificarmo-nos com as personagens (que são reais). Trata-se de um registo imperdível, que merecia uma edição em dvd por estas bandas (penso que não existe sequer edição noutro país).

segunda-feira, outubro 22, 2007

1º European Film Festival in Estoril, 2007
Estoril/Cascais 8 a 17 de Novembro
Porque estão na moda os festivais de cinema, as semanas temáticas, as mostras de filmes, eis mais um festival, recém chegado. O EFFE, European Film Festival in Estoril, é organizado por Paulo Branco (o mesmo senhor da Medeia Filmes). Este é o festival dos veteranos. De David Lynch a Pedro Almodóvar, com destaque para a estreia de "Control" (a história do vocalista dos Joy Division), com a presença do realizador Anton Corbijn. Os bilhetes custam 4 euros. as sessões terão lugar no Casino Estoril e Cascais Villa. Brevemente sairá o calendário com a programação definitiva. Para já, sugiro a consulta do site: http://www.europeanfilmfestivalestoril.com.

domingo, outubro 21, 2007

The Idle Ones , de Virpi Suutari e Susanna Helke
Doc Lisboa 2007

"The Idle Ones" leva-nos até à Finlãndia e aos seus jovens em procura de emprego. O documentário apresenta-nos alguns desses exemplares, que terminado o seu percurso escolar (secundário), procuram emprego. Entre entrevistas de emprego, brincadeiras e basicamente nada para fazer, estes jovens vivem no impasse de não querer aceitar qualquer trabalho, mas também não terem habilitações para muito mais. Num país conhecido pelo seu nivel de sucesso, "The Idle Ones" é um registo engraçado que nos faz lembrar os jovens suecos de "Falkenberg Farewell" (que passou este ano no Indie Lisboa), que aproveitavam juntos o seu último verão adolescente (embora este seja um documentário sem qualquer vertente mais lírica). Antes deste filme passou outro registo das mesmas realizadoras, "Sin - A Documentary on Daily Offences", documento em torno dos 7 pecados mortais, que apresenta uma série de confissões filmadas e confessadas para a câmara, de forma extremamente artistica, como se estivessemos numa exposição de retratos.

sábado, outubro 20, 2007

"Zoo", de Dan Berger
Doc Lisboa 2007

Como entender que um ser humano possa amar (no sentido literal) um cavalo. "Zoo", é um documentário ficcionado, que parte de um caso real e extremamente mediático há uns anos. A 2 de Julho de 2005, um homem morreu nas Urgências de uma zona rural dos EUA, vitima de perfuração do cólon provocada por um cavalo. Se à partida poderia ser um caso isolado, além de insólito, cedo se percebeu que o homem fazia parte de um grupo de homens oriundos de várias partes do mundo que se juntavam numa quinta e praticavam sexo com cavalos, filmando e gravando as suas actividades. Este documentário, tenta afastar o teor sensacionalista dado pelos media aquando do caso, procurando respostas do outro lado da história, ou seja, utilizando o testemunho dos protagonistas, desde homens envolvidos, até pessoal do hospital, ou criadores de cavalos, tentanto reconstituir os acontecimentos daquela noite. A voz off pertence a dois dos homens envolvidos, mas o documentário é protagonizado praticamente só por actores. De acordo com esses homens, o amor que sentem pelos cavalos é igual ao amor que o Homem normalmente sente pelos da sua espécie. Tentam justificar os seus actos dizendo que não faziam mal a ninguém e não entendem como podem ter passado de bestiais a bestas. Estranho é que perversamente tudo tenha sido sempre gravado, e amplamente partilhado na internet, meio de comunicação que, aliás, referem gostar muito. Um documentário que nos põe a pensar onde acaba o amor e começa a perversão.

quinta-feira, outubro 18, 2007

DocLisboa2007
5º Festival Internacional de Cinema Documental

18 a 28 Outubro
Culturgest, Cinema Londres, Cinema S. Jorge
http://www.doclisboa.org


quarta-feira, outubro 17, 2007

Jeux d'enfants, "Amor ou Consequência"
de Yann Samuell

O filme já é de 2003, estreou cá em Maio de 2005, mas está actualmente em reposição no cinema Quarteto (sobre o cinema Quarteto falarei brevemente). Que bela surpresa é este filme, que incluo na categoria "pérolas escondidas". Aquando da sua estreia, o filme passou-me completamente despercebido.
Julien e Sophie são dois amigos de longa data, que desde crianças têm uma relação íntima e de certa forma doentia. Para se evadirem da realiadade em que vivem, criam uma espécie de mundo à parte, onde só os dois fazem sentido. Para isso contribui a existência de um jogo (“Cap ou pas cap”), em que constantemente se desafiam, numa alusão ao jogo Verdade ou Consequência, mas onde a segunda hipótese é sempre a escolhida. Os anos passam e ambos sentem que há um sentimento mais forte que nasceu, um amor com contornos trágicos, que os faz sofrer e quem os rodeia. As brincadeiras começam a ficar cada vez mais perigosas, ousadas e perversas, e apesar do amor que sentem um pelo outro, ambos demonstram uma grande resistência (teimosia até) em aceitar a Verdade (o Amor), em detrimento da Consequência. A aceitação do amor, será para eles o maior desafio, mas dificil de se concretizar. Love Me If You Dare, o título dado em inglês, faz assim, todo o sentido.

Com uma realização, que em muitos momentos nos faz lembrar inevitavelmente o universo fabuloso de Amelie Poulain, quer na cores usadas, planos escolhidos, a intersecção entre o que é realidade e o que é imaginação, ou até mesmo pela presença de narração em determinados momentos. Embora em termos estilisticos, seja uma colagem do que já vimos nesse filme de Jean Pierre Jeunet, o presente filme é muito mais do que essa semelhança. É uma história com um argumento muito original e com interpretações muito competentes de Guilhaume Canet (actor que é também realizador, nomeadamente do filme "Não Digas a Ninguém", que passou em Portugal este ano), e Marion Cotillard (cujas semelhanças com Audrey Tatout não devem ser inocentes). Quem pensa, pelo que aqui foi escrito, que estamos face a uma comédia romântica ou a um drama com contornos trágicos, desengane-se. "Jeux d'enfants", é muito mais do que isso. Os clichés do amor impossível estão lá todos, mas dificilmente pode ser catalogado de forma tão simplista. As quatro versões de "La Vie en Rose" que se ouvem durante o filme também contribuem para o universo místico e de fabulação desta película. É um conto de fadas dos tempos modernos, e levante o braço quem nunca teve um amor assim.

segunda-feira, outubro 15, 2007

The Shins
Wincing The Night Away

Excelente álbum. Dificil escolher uma música. Eis um dos singles do álbum, como amostra: "Phantom Limb".

domingo, outubro 14, 2007

Discos Voadores @ Incógnito Bar

O serão de 12 para 13 de Outubro marcou mais uma grande noite de Discos Voadores a sobrevoar o Incógnito.
Franz Ferdinand, CSS, Morissey, Smiths, Interpol, Editors, Arcade Fire, Depeche Mode, The Pippettes, Blur, etc etc... A lista completa aqui.

Um dos momentos altos da noite: Interpol "The Heinrich Maneuver"

quinta-feira, outubro 11, 2007

Radiohead
In Rainbows

Os Radiohead voltaram. Valeu a pena esperar. O álbum é muito bom. Aguarda-se agora que passem novamente por este rectângulo a que vulgarmente chamamos Portugal... aquela província de Espanha que às vezes fica esquecida quando as bandas passam em Madrid, Barcelona, etc. Para ouvir repetidamente.

quarta-feira, outubro 10, 2007

Demasiado óbvio?
Hoje, ao dirigir-me a um quiosque junto ao Metro dos Anjos, antes mesmo de fazer qualquer pedido, diz o vendedor "Quer a Time Out não é?". Só me lembro de ter ido a esse quiosque algumas vezes comprar o Público, e recentemente a Premiére. Serei assim tão óbvio e previsível ou o senhor do quiosque anda a desenvolver uma séria análise do perfil dos seus clientes?

Lisboa Antiga

Na semana em que se assinala 8 anos que habito por aqui, deixo mais algumas fotos desta cidade noutros tempos.

Sapadores, 1969

Rua/largo de Sapadores, Lisboa, 1969. Artur Inácio Bastos, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..

Av. da República, 1967

Av. da República/Saldanha, Lisboa, 1967.João Brito Geraldes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L..

terça-feira, outubro 09, 2007

The Divine Comedy
Becoming More Like Alfie

Recordando... uma das músicas mais perfeitas que alguma vez foi feita.

Are you all settled in? right, then we can begin. my name is...
Alfie!

Once there was a time
When my mind lay on higher things
And once there was a time
I could find pretty words to sing
But now, well now I find
It saves time to say what you mean
I know it seems so unrefined
But its time to let off some steam

Oh come on!
Everybody knows that no means yes
Just like glasses come free on the n.h.s.
But the more I look through them the more I see
Im becoming more like alfie

Once there was a time
When a kind word could be enough
And once there was a time
I could blindfold myself with love
But not nownow Im resigned
To the kind of life I had reserved
For other guys less smart than i
Yknowthe kind who will always end up with the girls

And besides
Everybody knows that no means yes
Just like glasses come free on the n.h.s.
But the more I look through them the more I see
Im becoming more like alfie

Oh come on!

segunda-feira, outubro 08, 2007

The Sopranos
últimos episódios - estreia hoje RTP2, 22:40

TONY SOPRANO, CARMELA SOPRANO, DR. JENNIFER MELFI, CHRISTOPHER MOLTISANTI, JUNIOR SOPRANO, SILVIO DANTE, PAULIE WALNUTS, MEADOW SOPRANO, AJ SOPRANO, ADRIANA LA CERVA, BOBBY BACALA, JANICE SOPRANO, ARTIE BUCCO, JOHNNY "SACK" SACRAMONI, TONY BLUNDETTO, PHIL LEOTARDO, RALPH CIFARETTO, "BIG PUSSY" BONPENSIERO, RICHIE APRILE, VITO SPATAFORE, BENNY FAZIO, CARMINE LUPERTAZZI, LIVIA SOPRANO, ROSALIE APRILE ... ... ...

La naissance des pieuvres
8ª festa do cinema francês
A adolescência é um período que pode ser dificil, mais para umas pessoas do que para outras, mas reúne sempre uma complexidade que ninguém pode negar. "La naissance des pieuvres" (O Nascimento das Ninfas), primeira obra da realizadora Céline Sciamma, concretiza uma série de aspectos de uma adolescência que poderia ser a de qualquer um de nós. Trata-se da história de Marie, jovem de 15 anos, tímida, solitária, que se apaixona por Floriane, uma adolescente sensual, jovem fetiche de todos os rapazes, com fama de experiente ao nível das relações mais íntimas. Mas nem tudo o que parece é, e ao longo do filme estão presentes aspectos como a amizade volátil própria destas idades, os amores impossíveis, os primeiros contactos amorosos, as disputas por um maior status social, a necessidade de pertença a determinado grupo, etc. Belo retrato de ambiente adolescente, com ênfase na construção identitária e de personalidade, a descoberta do outro e o conhecimento mais íntimo de si próprios (e dos seus corpos). Para uma primeira obra, o resultado é satisfatório.

terça-feira, outubro 02, 2007

The Go Team!
Proof Of Youth

Ao segundo álbum os The Go Team! estão ainda melhores. Eis o single "Do it right", a comprova-lo. É favor começar a dançar...


quarta-feira, setembro 26, 2007

"2 dias em Paris", de Julie Delpy
He knew Paris was for lovers... He just didn't think they were all hers

Marion (Julie Delpy) e o seu namorado Jack (Adam Goldberg) após umas atribuladas férias em Veneza, resolvem passar dois dias em Paris, cidade mãe de Marion. Não existirá melhor lugar do que Paris para reacender a chama de uma paixão que já viu melhores dias, mas a cidade dos amantes, cedo se revelará a cidade de todos os amantes... dela. Julie Delpy escreveu e realizou esta que é a sua primeira longa metragem, bem ao estilo Richard Linklater (Delpy foi protagonista de Before Sunrise e Before Sunset do realizador), mas também com grande proximidade de diálogos, personagens e um enredo dado a equivocos, típico de Woody Allen. Aliás, Jack, interpretado por Adam Goldberg, é o tipico americano neurótico, medroso e hipocondriáco, à imagem de Allen (também judeu), e não será menos verdade dizer que Delpy nos faz lembrar também Diane Keaton, por exemplo em Annie Hall.



Julie Delpy, como realizadora e argumentista, consegue dar-nos um pouco mais do que essa colagem estilistica. Consegue fazer uma comédia romântica inteligente, que põe a um canto as típicas comédias românticas recheadas de lugares comuns. Contudo, o filme não é, seguramente, uma obra-prima, longe disso. É um filme despretensioso que nos apresenta uma Julie Delpy também ela própria neurótica, irritadiça, mal-educada e mentirosa, longe da imagem de menina bem comportada que temos dela. Todavia, a dada altura a fórmula do filme parece ter-se esgotado, e há claramente momentos de impasse ou pouco consistentes na história, e que poderiam ser resolvidos e tratados de forma diferente. Talvez, como li numa crítica no jornal Público, o filme fizesse mais sentido como curta metragem.

Por detrás da história da relação do casal propriamente dita, há toda uma critica presente, relativa aos estereótipos americanos e franceses, tais como as paranóias dos americanos quanto ao terrorismo, com alfinetadas à administração Bush, os comportamentos libertinos e boémios dos franceses e as demonstrações de xenofobia, machismo e preconceito dos taxistas.


Por fim, de salientar alguns pormenores curiosos. Os pais de Delpy no filme são de facto os seus pais, Adam Goldberg é seu ex-namorado e o gato Jean Luc é, na realidade o seu gato Max. Será esta a verdadeira Julie Delpy, que se quis mostrar ao mundo cinematográfico como é de verdade? Provavelmente não. E como bónus, uma pérola de tradução: diz Jack “I watched M until four in the morning” (refere-se a "M", filme de Fritz Lang de que é inclusive mostrado um excerto quando o mesmo está a ser visualizado); a tradução foi: “Estive a ver a MTV até às 4 da manhã”!