domingo, abril 29, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 11 (29/04) - último dia
"Forever" + balanço final

O último dia do festival decorre num ambiente mais pacífico, menos competitivo e agitado. É o dia em que todas as decisões já estão tomadas e resta aos espectadores ver ou rever os filmes premiados. Este é o dia em que vê-se menos o público habitual do festival e aparecem algumas caras novas, curiosas quanto aos premiados.

"Forever" recebeu o prémio dos votos dos espectadores. Nada fazia prever, uma vez que durante praticamente todo o festival era "The U.S. Vs John Lennon" o potencial vencedor (podemos acompanhar sempre essa votação no decorrer do festival). Aliás, este filme passou apenas 2 vezes e em horários pouco famosos, e foi certamente a sessão das 18:30 de dia 28, que terminou apenas 1h30 antes da sessão de encerramento, que veio alterar a ordem das coisas. O prémio atribuido pelo público a este filme apenas prova que a maioria do público não se deixou levar pela facilidade de votar em filmes mais acessiveis (mas igualmente bons) como "Shortbus" ou "The Hottest State", e premiou uma obra poética, com um ritmo muito próprio e com uma temática muito pesada - a morte. Na realidade este é um documentário que tem como cenário o famoso cemitério de Père-Lachaise em Paris, onde estão sepultados famosos como Oscar Wilde, Marcel Proust, Maria Callas, Edith Piaf, Jim Morrison, entre outros. Ao longo de hora e meia a realizadora aborda algumas das pessoas nesse cemitério que nos falam da sua relação com a arte, e com a morte. Alguns vão apenas visitar um familiar, por a conversa em dia, limpar e arrumar a campa, procurar um pouco de isolamento e de silêncio. Outros, vão visitar as campas dos famosos, que de uma forma ou de outra mudaram a sua vida. Todos têm histórias interessantíssimas para contar. Todos têm um olhar triste e nostálgico. Em alguns casos acompanhamos mesmo um pouco das suas vidas, e de que forma estão ligados a uma determinada personalidade enterrada ali. É o caso de uma pianista cujo pai já falecido era fã de Chopin, do pintor que aos 20 anos não entendeu a obra de Proust, mas que aos 35 lhe mudou a vida, de um homem que ganha a vida a embalsemar mortos, etc. É um documentário que alia a arte, um dos expoentes máximos da vida, à morte e à forma como quem cá fica lida com essa realidade.
.
Terminou mais um Indie Lisboa, nesta sua 4ª edição. Mais uma vez se comprovou que Lisboa precisa de um festival de cinema assim, que com o passar dos anos se vai impondo e que teve este ano cerca de 35 mil bilhetes vendidos. É certo que o público deste festival em grande medida é o que está mais disponível, jovens urbanos e universitários, mas ao longo desde 11 dias pôde constatar-se que há muitos outros públicos que procuram este festival. Destaque positivo para toda a organização, para a existência pela primeira vez de uma bilheteira central, da existência de um Indie Bus que ligou o Fórum Lisboa ao S. Jorge, o regresso a essa mítica sala, e que bem que se estava no café do cinema, e na esplanada com vista para a Av da Liberdade. Apenas a apontar negativamente o Indie Bus ser tão pequeno (responsabilidade da Carris), não ter existido festa de encerramento no S. Jorge que de certo é da responsabilidade da Câmara (foi um pouco abrupto o final, dado que após a sessão de encerramento, e ao contrario dos outros dias, a festa apenas continou na Gare Maritima de Alcantara) e não ter existido ligação entre o S. Jorge e a festa em Alcântara (provavelmente também responsablidade da Carris). Mas como se costuma dizer relativamente ao Vinho do Porto, quanto mais velho melhor, e que venha o 5º Festival Indie Lisboa 2008!

Indie Lisboa 2007 - Dia 10 (28/04)

"La Antena", "Elvis Pelvis" e "Death of a President" + Sessão de encerramento (vencedores)

No King 3 passou "La Antena" do argentino Esteban Sapir, um dos filmes que tem estado sempre no top 5 do público, e que faz parte da secção Director's Cut. De facto, este é um dos filmes mais originais que já vi passar pelo Indie Lisboa, quer na sua realização, como na montagem, representação, argumento, etc. Inspirado no cinema mudo de Murnau, Eisenstein, entre outros, o filme é filmado a preto e branco, quase sem diálogo audíveis (como no cinema mudo) e com muita imaginação a fazer lembrar o imaginário de filmes como "A Cidade das Crianças Perdidas" ou "Delicatessen", embora na sua essência sejam completamente diferentes. Mas se a forma de filmar é antiga, a temática é muito contemporânea, desde o totalitarismo, ao consumismo, passando pelos monopólios que ainda hoje temos em alguns países. A história passa-se numa cidade futurista, século 30. Mr TV é um homem poderoso que através da televisão (e dos produtos que dela derivam) tenta monopolizar as vontades das pessoas, primeiro roubando-lhes a voz (e daí que não ouçamos o que digam, apenas lemos na imagem), depois tenta retirar as palavras e o sentido que lhes dão, tendo como objectivo controlar e dominar a consciência das pessoas. Mas a luta que um homem e a sua família travam contra ele, vai alterar o rumo das coisas. Estamos perante um verdadeiro Big Brother no sentido que Orwell lhe dava. http://www.laantena.ladoblea.com

Depois, no King 2 passou o filme "Elvis Pelvis", do realizador Kevin Aduaka. Filme da secção laboratório encerra em si a definição "Um espaço para arriscar (...) filmes de realizadores que trabalham em absoluta liberdade.". Na verdade este é um filme pouco descritivel. Está dividido em duas partes, na primeira conhecemos uma criança negra, Derek, a quem o pai chama Elvis,querendo à força que este se comporte como o rei do rock. Já o filho preferia parecer-se mais com Jimi Hendrix, seu ídolo. Essa vontade vai ter consequências gravissimas. Já na vida adulta, e numa segunda parte do filme, Derek tem de lidar com os seus fantasmas, e acompanha os últimos dias daquele que supomos ser seu pai adoptivo (mas que pode ser o seu verdadeiro pai). Um filme sobre quem gostariamos de ser, sobre a morte, sobre a imortalidade dos ídolos.

A sessão oficial de encerramento, no S. Jorge, na qual foram apresentados os prémios, estreou o filme "Death of a President", do britânico Gabriel Range. O filme ficciona a morte do actual presidente dos EUA, George W. Bush, e de que forma a investigação se processou. Oportunidade para colocar a nú algumas das fragilidades da administração Bush, num filme que é totalmente politizado e que de ficção provavelmente só terá a morte do presidente. Ideia bastante original, apresentada como se um documentário sobre a morte de Bush se tratasse, como depoimentos de elementos do seu staff, FBI, do eventual assassino e respectiva familia. O filme adiciona ainda imagens reais de Bush e de Dick Cheney, excertos de discursos, etc, e recria de forma muito verosímil o cenário da morte do presidente dos EUA. Posto isto, o filme não tem muito mais para apresentar além das habituais teorias da conspiração demasiado presentes noutros filmes, séries e até media. Vale pela curiosidade de ver como foi possivel simular e manipular a morte de Bush, com imagens do próprio, mas dispensa-se pelo argumento que se arrasta como se o filme tivesse várias horas (e só tem hora e meia).

A sessão final decorreu com normalidade, os vencedores foram apresentados, destacando-se "El Amarillo" e "Love Conquers All" como vencedores do prémio do juri internacional, "Falkenberg Farwell", prémio da crítica, "Pas Douce", prémio de distribuiçao, "Forever", prémio do público, e "Half Moon", prémio da Amnistia Internacional. Mas os prémios valem o que valem e filmes como "Le Dernier Fous" ou "Analog Days" (falando apenas da competição) já ganharam lugar na minha cinematografia de eleição. As sessões decorrem no King, Londres e F. Lisboa durante domingo.

sábado, abril 28, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 9 (27/04)
"Big Bang Love, A Juvenile" e "Pas Douce"

O novo filme de Takashi Mike, "Big Bang Love, a Juvenile", que habitualmente está mais presente no Fantasporto, esteve na secção Observatório no S. Jorge. Trata-se de um filme, ao estilo deste realizador, com imagens muito violentas, sangrentas e por vezes dificeis de digerir, mas que escondem um lado sensivel, emotivo e lirico. Esta é uma nova forma de fazer cinema, a que o realizador nos tem habituado, forma ousada e perfeitamente discutivel. O filme é consituido por algumas imagens de uma beleza incontornável. Tendo como protagonistas dois pólos opostos, Jun que é de uma delicadeza feminina, e que trabalhava num bar gay até ter morto um cliente, e Shiro, um homem violento e muito masculino, somos levados a crer que o primeiro matou o segundo, e sentimo-nos arrastados para uma historia labirintica em busca do quem e do porquê dessa morte que se vem a perceber que não é tão óbvia. Um filme pouco convencional e intensamente envolvente.
À noite na mesma sala, o Indie abriu as portas de uma sala maior para um filme de competição pelo facto de haver uma ligação do filme a Portugal. "Pas Douce", da realizadora Jeanne Waltz, não é uma co-produção portuguesa. A realizadora vive em Portugal e uma das actrizes é emigrante em França. Ambas estavam presentes na sala e falaram um pouco sobre esta história muito pouco convencional. Fred é uma rapariga revoltada com a vida, enfermeira de profissão, é bruta na forma como fala e como age (está sempre de pé atrás, como a dada altura é dito em português). Emocionalmente instável, Fred tenta suicidar-se, mas acaba por alvejar uma criança que mata pássaros com uma fisga e que também está de costas voltadas para o mundo. Ambos vão encontrar-se no hospital, sem que este suspeite que ela é a razão de estar ferido. Esse é o ponto de partida para uma história de afectos dificeis, mas cuja sensibilidade está quase sempre a sair-lhes da pele. Contrariando o título do filme podemos dizer que há muita doçura no filme.

Indie Lisboa 2007 - Dia 8 (26/04)
"Le Dernier des Fous" e "Shortbus"

Na quinta-feira passou na sala 1 do King uma das grandes surpresas do festival, e da competição internacional, "Le Dernier des fous" de Laurent Achard. Trata-se de um dos filmes mais bonitos que alguma vez vi. Assistimos à desintegração de uma família pelos olhos de uma criança de 11 anos. A mãe da criança é o motivo desse estado, está fechada no quarto há tempo indeterminado com uma qualquer doença mental que a impede de ver pessoas e sair; o irmão mais velho, companheiro de brincadeiras, poeta incompreendido e não correspondido no amor, dedica-se ao alcool; o pai assiste impotente a este declinio, arriscando-se a perder a quinta onde vivem; a avó é uma pessoa austera e sem o minimo de compaixão. A única companhia de Martin é a governanta que o vê como um filho. Ninguém comunica nesta familia, o vazio em que vivem ano após ano impede-os de continuar e de comunicar. Grande interpretação do jovem Martin, rapaz um pouco apático e pouco expressivo, quase autista, mas com um olhar intenso, provocador e sensível ao mesmo tempo, de quem sentimos um misto de compaixão e de medo. Só ele pode mudar a ordem das coisas e acabar com tudo. Ele é o último dos loucos.
http://www.advitamdistribution.com/fiche.php?film_id=73

"Shortbus", de John Cameron Mitchell, que passou nessa noite na sala principal do S. Jorge, é outra das supresas do dia. É um filme verdadeiramente alucinante, contagiante, surpreendente, chocante. O filme foi comprado pela Lusomundo, tem estreia marcada para 3/05 e acredito que vá chocar muita mente puritana. Várias histórias se cruzam ao estilo "Magnólia", a da terapeuta sexual que não consegue ter um orgasmo com o marido, a do casal gay que pretende passar a uma nova fase da sua relação, a da dominatrix que não consegue manter relacionamentos... culminando todos numa festa semanal chamada Shortbus, onde se concentra arte, música, política, desejos e fantasias sexuais de todas as espécies e feitios. O filme é de uma originalidade e ousadia pouco vistas no cinema americano (mesmo o mais independente), é extramamente explícito mas não cai na vulgaridade porque tudo está perfeitamente contextualizado. A verdadeira revolução sexual está aqui. Provavelmente esta ficção vai levar ao cinema pessoas ao engano julgando que se trata de uma comédia ao estilo American Pie, ou levará o publico errado que apenas quer ver sexo. O filme tem tido criticas desde o péssimo até à obra prima. Arrisco dizer que está algures nessa escala. Provavelmente será o novo hype da juventude dita alternativa, e embora diga isso com alguma ironia, o filme tem de facto qualidade, conciliando o desejo carnal e sexual, às necessidades de um amor profundo.

sexta-feira, abril 27, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 7 (25/04)
"The Hottest State", "Analog Days" e "Viva"

Ethan Hawke + Before Sunrise e Before Sunset + juventude = "The Hottest State". O feriado do 25 de Abril foi pretexto para a sala do Fórum Lisboa lotar para ver esta obra de Ethan Hawke, escritor do livro que originou o filme, responsável pela adaptação do livro a filme, realizador, participação especial como actor. Trata-se de uma pelicula que herdou dos filmes de Richard Linklater ("Before Sunrise" e "Before Sunset") os diálogos sobre tudo e sobre nada, sobre a origem das coisas, sobre a morte, sobre a vida, sobre a amizade e o amor. Esta é a história de um jovem actor de 21 anos que se apaixona perdidamente por uma cantora complexa (interpretada por Catalina Sendeno Moreno, que recentemente vimos em "Fast Food Nation"), numa altura em que está a descobrir o que quer fazer da vida, e numa fase em que se vê perante a necessidade de tomar decisões mais estruturadas. Estamos perante uma obra simples que fala do primeiro verdadeiro amor, da dificuldade de manter uma relação, do espaço necessário à sobrevivência, e sobre o ar que cada um de nós deve continuar a respirar. Não caindo no facilitismo (embora tenha alguns clichés tipicos da pós adolescência americana), é com sensibilidade que Ethan Hawke faz uma abordagem sensível dos afectos.
Seguidamente, na mesma sala, "Analog Days", de Michael Hott, aproxima-se do universo de "Falkenberg Farewell" e de "The Hottest State", no que diz respeito à abordagem da juventude, do sentido da vida, da necessidade de tomar decisões sobre o futuro, e sobre a passagem do tempo que nao volta para trás. Este filme, em competição, apresenta-nos um grupo de amigos que terminou a escola secundária e divide o seu tempo numa escola profissional, part-times, etc, como que ocupando o tempo até tomarem uma decisão mais radical na sua vida. Os meses passam e conhecemos este grupo, como passam os dias, o que desejam, os seus anseios, desejos, angústias. Pode parecer muito repetitivo e um assunto demasiado batido, mas esta abordagem apesar de tudo consegue acrescentar mais um pouco às teorias da passagem da adolescência à vida adulta. O filme fala-nos também da vontade de querer mudar o mundo quando somos jovens, mas também da incapacidade que demonstramos em nos movermos para realmente mudar o que criticamos, a diferença entre estar parado e avançar. Por enqunto a vida destes jovens está em suspenso. Destaque para a banda sonora do filme constituida por Elliott Smith, Joy Division, New Order, Interpol, Clap Your Hands Say Yeah ou Bloc Party.

Por fim,à noite e já no S. Jorge, "Viva" surpreende-nos. Quando tive acesso à descrição do filme julgava estar perante um documentário sobre a emancipação da mulher, aproveitando a boleia da revolução sexual. Estava enganado, o filme é de facto sobre essa temática mas é pura ficção, e da mais original. Filmado em cenários que recriam o ambiente dos anos 70, o kitch, as cores berrantes, os penteados, as roupas, conta-nos a história de Barbi (uma autêntica Barbie que parece saida de uma revista Playboy da altura), é uma dona de casa submissa e entediada, que vai viver a revolução sexual que os EUA assistiram na época. Com uma realização muito próxima dos filmes eróticos dos anos 70, "Viva", realizado pela própria protagonista (Anna Biller), é uma agradável surpresa. Embora muito original, o filme acaba por tornar-se um pouco repetitivo e arrasta-se durante algum tempo (a duração é 120 minutos).

http://www.lifeofastar.com/viva.html

Indie Lisboa 2007 - Dia 6 (24/04)
"Falkenberg Farewell" e "Fay Grim"

A nova Sala 2 do S. Jorge (mais arejada, mais espaçosa, melhor som), abriu as portas a um filme que tem sido apontado como dos favoritos ao principal galardão deste festival. Falo de "Falkenberg Farewell" do sueco Jesper Ganslandt. Esta é história de um Verão que podia ser como muitos outros, mas que esse ano foi diferente. Conhecemos um grupo de amigos de longa data que vivem numa terra pouco desenvolvida da Suécia, como passam o tempo, como convivem, o que fazem da vida... Este um filme muito poético, narrado por um dos intervenientes, e que nos fala da passagem do tempo por nós, das decisões que temos que tomar, dos vazios que urge que sejam preenchidos, da vontade de mudar, porém, também nos fala do medo de encarar a mudança. Diz quem conhece a Suécia, que estes jovens lá são mesmo assim, mas após visionar o filme a semelhança com a juventude de qualquer parte do mundo é evidente. Filme de uma beleza incontornável (embora mediano na sua globalidade), foge aos clichés de sexo, drogas, violência próprios de filmes do género, para se concentrar na relação deste grupo de amigos e a sua latente despedida.
À noite "Fay Grim", o tão esperado regresso de Hal Hartley, passou na sala 1 do S. Jorge, com a presença do realizador. O filme parte de personagens do filme "Henry Fool", mas inicia uma história independente que apenas faz alusão ao passado das personagens no anterior filme. Fácil de acompanhar, portanto, por quem nunca viu o anterior. O estilo de Hartley é inconfundivel, uma história entrelaçada com várias outras histórias, personagens nervosas e que falam muito rapidamente, muita coisa a acontecer em simultâneo (uma realização completamente oposta à do filme da tarde). Com a utilização de um humor muito inteligente, e de um constante tom irónico, o filme troça dos filmes de espionagem e conspiração internacional a que estamos habituados no cinema americano. A interpretação da protagonista, Parker Posey (no papel de Fay Grim) é brilhante, e o ritmo da realização estonteante. Peca pela sua duração (quase 2 horas), porque muito do que foi dito e feito podia ter sido tratado em menos tempo.

Indie Lisboa 2007 - Dia 5 (23/04)
"Love Conquers All"

E ao 5º dia o amor conquista tudo! Segunda-feira, dia de trabalho, a disponibilidade só deu para ver um filme. A escolha recaiu sobre "Love Conquers All", na sala 1 do cinema Londres. Trata-se de um dos filmes na competição internacional, que representa o que é possível fazer por amor e que através do amor tambem podemos conquistar tudo aquilo que sempre ambicionámos. Mas nem sempre é assim, e facilmente podemos cair em ratoeiras. Esta é a história de uma rapariga (Ah Ping) que vai trabalhar para a cidade, não se dando muito a conhecer, até que se apaixona e entra num caminho sem retorno. Este filme (original da Malásia) está igualmente a ser avaliado para o prémio da Amnistia Internacional, embora para primeiro prémio da competição internacional, não seja um filme com grande fôlego.

quinta-feira, abril 26, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 4 (22/04)
"A Scanner Darkly" e "The US vs John Lennon"

Domingo à tarde o Fórum Lisboa teve lotação esgotada para a nova história futurista de Richard Linklater (realizador de Before Sunrise), "A Scanner Darkly - Homem Duplo". Tratou-se da oportunidade (até agora única) de ver este filme numa sala de cinema, dado que em Portugal foi lançado directamente em dvd. É um filme com uma técnica digital que já havia sido usada em "Waking Life" (que a Zero em Comportamento também passou nos tempos idos da sua programaçao no Cine 222), e que consiste na filmagem da imagem real com actores reais, animada depois digitalmente. Com actores bastante conhecidos como Keanu Reeves e Robert Downey Jr, Woody Harrelson e Winona Ryder, esta história, baseada num livro de Philip K. Dick, leva-nos até a um ambiente futuro nao muito longe do presente, no qual existe uma nova droga - a substância D - não muito diferente de outras drogas que conhecemos, que está a ser investigada por um policia infiltrado num grupo de toxidopendentes, do qual também ele faz parte. A dada altura o filme torna-se um pouco confuso o que se pode justificar pelo estado alucinogeneo dos seus intervenientes, que se traduz em diálogos e raciocionios com pouca lógica.
À noite, o S. Jorge passou o filme "THE U.S. VS. JOHN LENNON". Oportunidade para acompanhar os últimos anos da vida de John Lennon na fase final dos Beatles e no período que se seguiu ao fim do grupo. Lennon é nessa altura um homem muito diferente do que estavamos habituados até então, deixou de ser o rapaz bonito com cabelo de esfregona dos Beatles, para passar a ser um homem interveniente nas questões politicas, direitos civis, contra a guerra e pela paz no mundo. Muda-se para os EUA e inicia uma luta contra o governo de Nixon, opondo-se ao sistema vigente, o que o leva a ter de lidar com uma ameaça de extradiçao durante anos. Estamos perante um documentário interessantissimo, pelo seu valor histórico, pelo material recolhido (entrevistas da altura a John Lennon e imagens de arquivo), depoimentos de personalidades próximas de Lennon, e uma entrevista actual a YoKo Ono. Ainda que seja uma visão parcial da história, porque desde o primeiro momento toma o partido do músico, e é com essa visão que aquele período da história nos é contado, não deixa de ser um excelente contributo para conhecer um pouco mais o homem para além da música, embora Lennon fizesse sempre da música a sua bandeira, sendo portanto indissociáveis.
http://www.theusversusjohnlennon.com

quarta-feira, abril 25, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 3 (21/04)
"Wide Awake" e "Angel"

Sábado à tarde o cinema Londres passou o filme "Wide Awake", umas das verdadeiras surpresas deste festival. Um documentário de Alan Berliner, um homem que não consegue dormir. O realizador usa-se a si próprio para nos falar do sono e da insónia. Acompanhamos a sua vida nas vésperas de ser pai, desde o convivio com a familia, o trabalho, e as consultas médicas, a obsessão com o filho que vai nascer. É um filme com uma realizaçao muito original, que mistura com bastante humor imagens e sons de filmes antigos com o que se passa na sua vida. A dinâmica do filme no fundo reflecte a confusão e caos que se passa na nossa mente quando dormimos. Uma viagem ao mundo dos sonhos, da complexidade da mente verdadeiramente alucinante.
À noite o S. Jorge passou a ante-estria do novo filme de François Ozon, "Angel". Completamemente diferente dos filmes que tem feito, Ozon realiza um filme de elevado orçamento, passado no inicio do século XX. Angel é uma jovem escritora de novelas (ao estilo Daniel Steel), oriunda de familia pobre, que alcança rapidamente o sucesso e, ambiciosa como é, acaba por cair em desgraça. Angel é uma personagem viciante, pela sua ingenuidade, espontaneidade e meninice e excelentemente interpretada pela actriz Romola Garai. Desaponta por ser um filme de Ozon (de quem esperávamos outro tipo de filme), mas apesar de ser um filme para grandes audiências, a marca do realizador é visivel pela presença de uma das actrizes fetiches do realizador, Charlotte Rampling. Esperemos que François Ozon volte brevemente ao seu anterior género cinematográfico.
http://www.francois-ozon.com/

Indie Lisboa 2007 - Dia 2 (20/04)
"Destricted"

Sexta-feira o filme escolhido foi "Destricted". Uma experiência avassaladora que levou uma sala cheia do Fórum Lisboa a ver em conjunto um filme com excertos de pornografia explicita (e que sensação tão estranha esse momento colectivo!!). Trata-se de um filme constituido por 7 curtas metragens com visões de sexo e pornografia de cada realizador. O filme abre com a curta de Matthew Barney, "Hoist", o provocador cineasta de Cremaster e do inenarrável Drawing Restraint (o meu maior bocejo do Indie 2006). No ecrã aparece um pénis que lubrifica um eixo de um tractor com o seu esperma. Segue-se "House Call" de Richard Prince, uma revisitação aos filmes pornográficos dos anos 70/80, que consiste basicamente em assistir a um excerto de um desses filmes, mas com uma realizaçao e sonorização actuais. "Sync", de Marco Brambilla" é a curta mais curta, apenas alguns minutos com uma montagem de vários filmes porno ao som de uma bateria. "Impaled" de Lary Clark (que já nos habituou a filmes polémicos como "Kids"), é das curtas mais supreendentes do filme. O realizador filmou um casting para um filme pornográfico, apartir de um anúncio que colocou na imprensa. Aproveita esse pretexto para descobrir um pouco sobre como vivem os jovens americanos a sua sexualidade. Vários jovens entre os 19 e os 23 anos falam da sua experiência com a pornografia e das suas fantasias sexuais. Um deles escolhe uma actriz (que tambem passa pelo casting). A segunda parte é a mais desinteressante (cai na banalidade porque é a passagem da conversa ao acto) mas também muito curiosa. Por essa altura o ambiente na sala estava escaldante e o público não quer acreditar que está a partilhar com centenas de pessoas aquelas imagens. Mas curiosamente não parece haver desconforto. "Death Valley" de Sam Taylor-Wood é uma das curtas mais bonitas. No seio da natureza um jovem luta contra algo, masturbando-se, no meio do nada. "Balkan Erotic Epic" de Marina Abramovic, é a mais cómica das curtas, mas tambem a que resulta de um estudo dos mitos sobre a fertilidade e a virilidade nos Balcãs o que é feito com muito humor, inteligência e originalidade. Por fim, "We Fuck Alone" de Gaspar Noé, consegue ser a passagem do filme mais entediante e irritante. Filmado como parte do seu filme "Irreversivel", com uma imagem cintilante e irritante ao olhar, uma rapariga e um rapaz, em quartos diferentes, assistem ao mesmo filme pornográfico enquanto se masturbam. Foi um verdadeiro sacrificio este final de filme.
www.destricted.com

Indie Lisboa 2007 - Dia 1 (19/04)
Life in Loops - A Megacities Remix

O Indie Lisboa 2007 começou na quinta feira, 18/04 no cinema S. Jorge. É o regresso a uma das salas mais emblemáticas de Lisboa, na qual tinha sido feito o primeiro festival em 2004. "Life in Loops - A Megacities Remix", filme de abertura foi apresentado como “Um documentário musical experimental”, a partir de excertos não usados no filme Megacities de Michael Glawogger, assistimos a uma manta de retalhos à volta do mundo, ao som dos Sofa Surfers. Este filme de Timo Novotny é um verdadeiro desafio aos nossos sentidos, uma espécie de orgasmo audiovisual que nem sempre é de fácil digestão, uma vez que contém algumas cenas eventualmente chocantes (como as do matadouro e dos talhos, ou a luta de galos).

segunda-feira, abril 23, 2007

Patick Wolf no Lux, 18/04/2007

A hora do lobo...


Às vezes esquecemo-nos que este rapaz irlandes só tem 23 anos. Dono de uma voz potente, de um estilo inconfundível, Patrick Wolf deu um concerto curto (1hora) mas bastante pleno, na passada quinta-feira no Lux. Sala quase cheia para receber este senhor, que aproveitou para mandar umas bocas à nossa companhia aérea por lhe ter perdido as malas, o que o obrigou a usar (ou nao conseguir usar) um violino emprestado e a correr para uma loja, que disse ser de "roupa de miudas", comprar umas calcinhas tom de zebra e uma camisa meio rasgada. A acompanhar Wolf nesta revisitação pelo seu último àlbum "The Magic Position", esteve a banda que o acompanha, que por sinal tem uma violinsta cujo adjectivo "querida" se aplica perfeitamente. Regressou ao palco por duas vezes e lá seguiu para Braga onde iria actuar no dia seguinte.

Fotos: Blitz

segunda-feira, abril 09, 2007

Indie Lisboa 2007

Este ano o festival de cinema Indie Lisboa, que decorre em de 19 a 29 de Abril, divide-se pelas 3 salas do King, 2 salas do Londres, 1 sala do Fórum Lisboa e 2 salas do S. Jorge. São 226 filmes (88 longas-metragens e 138 curtas-metragens) durante 10 dias. Os bilhetes já estão à venda no Fórum Lisboa desde 5 de Abril.
O calendário e resumo dos filmes pode ser adquirido aqui.