domingo, dezembro 17, 2006

"5:55"
Charlotte Gainsbourg


A Stephanie do filme "A ciência dos Sonhos" (Michel Gondry) lançou um álbum.
Com letras de Jarvis Cocker (Pulp), Neill Hannon (Divine Comedy) e música dos Air.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Boa acção do dia ou um grande momento ecológico

quarta-feira, dezembro 13, 2006

E por falar em Paris...
São dois os filmes, que estão nas salas de cinema, que falam de Paris, passam-se em Paris, ou simplesmente rodeiam-se de Paris.
"Paris Je t'Aime" é um conjunto de 18 mini histórias passadas na cidade (em 18 bairros parisienses), protagonizados na sua maioria por actores conhecidos e realizadores reconhecidos. Na sua globalidade, do filme extrai-se pouco sumo, não há uma coerência ou fio condutor que nos permita olhar para ele como uma soma das partes, e parece que esse era o objectivo, na medida em que o final do filme tenta unir (um pouco à força, diga-se) vários pontos dos vários contos. No entanto, há capitulos bastante interessantes, ainda que demasiado curtos (cada um tem cerca de 8 minutos), o que por um lado deixa uma sensação de insatisfação quando a história é boa, ou alivio quando não o é. Destaque para a curta dos irmãos Cohen, "Tuileries”, protagonizada por Steve Buscemi (o Tony B dos Sopranos), "Quais de Seine”, de Gurinder Chadha que aborda o tema do uso do hijab pelos jovens árabes, “Tour Eiffel”, de Sylvain Chomet sobre a história de dois mimos que se conheceram na prisão e tiveram um filho, e "14ème arrondissement”, de Alexander Payne que relata as férias em Paris de uma senhora que não fala uma palavra em francês.

"Dans Paris" é o novo filme de Christophe Honoré que anteriormente nos tinha brindado com essa pérola de mau gosto que era "Má Mère" com Lois Garrel e Isabelle Huppert. Neste filme, o jovem Louis Garrel junta-se a Romain Duris. Completamente diferente do seu antecessor, Em Paris mantém alguma superficialidade do seu antecessor, acrescenta alguns pós de Nouvelle Vague, e a história é igualmente confusa, mas revela-se muito mais interessante, salientando-se as suas interpretações notáveis. Destaque para Louis Garrel (que já conhecemos também de "The Dreamers") cuja personagem emana uma boa disposição contagiante e uma juventude invejável mantendo o seu tipico tom irónico mas ao contrário do habitual abandonando o tom introspectivo a favor da comicidade. Para o actor ficou reservado o pólo positivo, bem disposto e divertido do filme, em contraponto com o do seu irmão deprimido e infeliz interpretado pelo eterno residente espanhol Romain Duris. Não é fácil entrar na dinâmica do filme, mas a dada altura estamos presos a essa teia que enlaça a história com momentos em que há outros filmes dentro do filme, há narradores participantes, há monólogos, pensamentos e muita música. É um filme pretencioso mas bem intencionado.

segunda-feira, dezembro 11, 2006

The Gift no CCB
10-12-2006

Em 1998 o single "Ok Do You Want Something Simple" tocava nas discotecas, mas não era um sucesso. A irritante balada "Borrow" dos igualmente irritantes Silence 4 era o sucesso musical do momento no panorama musical português. Não que o single dos The Gift fosse excelente, mas naquela altura significava um abrir de portas para um album que respirava sonoridades que habitualmente não se ouviam por cá. Embora tenha uma relação estranha com este grupo, tem me acompanhado ao longo dos anos. As músicas são tão envolventes que ao fim de algum tempo conseguem sufocar a ponto de passar meses sem os poder ouvir. Foi após um período sabático de Gift que resolvi assistir ao concerto de domingo, 10 de Dezembro no CCB mesmo sem ter ouvido o último álbum. É de louvar que após 8 anos do lançamento do seu primeiro albúm comercialmente editado, esta self made band se mantenha ainda na ribalta a aparentemente com cada vez maior adesão. Os Gift reinventam-se e é nessa logica que o último álbum lançado mais não é que um best of ao vivo cujas músicas se revestem de novas roupagens. Mas essencialmente sempre achei que a banda se dá muito bem em palco e o referido concerto não foi excepção. Dividido em duas partes, uma mais calma, a outra electrizante, o concerto finalizou com uma grande versão de Absolute Beginners de David Bowie (que curiosamente encerrou a Vynil Tour no Coliseu em 1999, concerto no qual estive presente), porque eles afinal, estão apenas a começar...

domingo, dezembro 10, 2006

Volver, de Pedro Almodovar

"Voltar" é o que se pode considerar um mediano filme de Almodovar. Depois dos tão aclamados "Tudo sobre a minha Mãe" e "Fala com Ela" (que para muitos é considerado a obra prima do realizador), "Voltar" prossegue o ambiente mais negro re-iniciado com "Má Educação". Se no filme anterior a religião, a intriga, o mistério e a mentira eram os temas dominantes, desta vez, além da mentira e da religião, o misticismo e o espiritismo norteiam a narrativa que envolve o universo feminino tão próximo do realizador e que o reaproxima da sua terra natal e da sua mãe. Não é relevante que a história do filme não seja brilhante, porque as interpretações das actrizes falam por si (ganharam o Premio de Melhor Interpretação Feminina no Festival de Cannes). Para descobrir um Almodovar menos tenso mas igualmente intenso.

terça-feira, novembro 21, 2006

Quando eu tinha 15 anos...


... António Guterres tinha chegado ao poder... e com Mário Soares (e depois Jorge Sampaio) na Presidência eram a dupla rosa maravilha;
... Não havia Gato Fedorento, e o Herman José amealhava fortuna nos concursos Roda da Sorte e Parabéns;
... Ainda havia Rua Sésamo na tv, e séries de jeito em horário nobre na TVI;
... Andava de bicicleta todos os dias para ir para a escola;
... Achava que os lisboetas eram uns convencidos só por viverem na "capital";
... Descobri os "Métodos Quantitativos", uma alternativa à Matemática dos homens e mulheres de letras;
... Ouvia muita porcaria... mas tinha como meu álbum preferido (na altura) "Everything Must Go", dos Manic Street Preachers, que me acompanhou durante 1996.


Everything Must Go: 10th Anniversary Deluxe Edition/+DVD

terça-feira, novembro 14, 2006

Little Miss Sunshine
de Jonathan Dayton, Valerie Faris

Estamos perante mais um exemplo de cinema independente americano, ainda que este filme, especificamente pisque o olho a outro tipo de público, mais massificado. Como habitualmente no cinema americano mais indy, a temática anda à volta das contradições que a sociedade dos EUA reúne, nomeadamente os paradoxos dessa instituição tão disfuncional, que é a Familia americana. Trata-se de um road movie com uma história original, levar a petiz da família a concorrer num concurso de misses, a kilómetros de distância da sua casa. Perante um pai especialista em motivação, para quem perdedores não existem, passando por um tio homossexual acabadinho de sair de uma tentativa de suicídio, um avô viciado em cocaína, uma mãe que apenas sabe servir fried chicken, e um irmão que opta por um voto de silêncio como sacrificio para ingressar na força aérea, o percurso será rico em precalços e atribulações. O filme está recheado de bom humor negro, ironia e bons diálogos. Ainda que o final não seja dos mais originais, o mesmo pode ser visto como uma critica às convenções, bons costumes e fachadas dos concursos de misses, e em grande escala tenta simbolizar a superficialidade de grande parte do povo americano e os seus costumes. Não sendo um filme de génio, cumpre o propósito de divertir, sem ser estúpido.

sábado, novembro 04, 2006

Arcade Fire na TMN ou plágio descarado?
Descubra as diferenças.

Nos últimos tempos temos assistido a uma nova forma de pirataria no meio audiovisual, mas que aparentemente é legal. A utilização em anúncios de determinadas músicas que induzem a outras, conhecidas, é uma das formas de pirataria mais descaradas a que já se assistiu.
O mais recente exemplo digno de registo é o novo anúncio da TMN.

Anúncio da TMN ao produto Casa T
Videoclip de Wake UP dos Arcade Fire

terça-feira, outubro 31, 2006

Um apelo à memória colectiva

Alguém se recorda dos chocolates "Taxi", "Coma com Pão" ou "Branco e Negro"?

O "Taxi" ao que parece é internacional:
"From Wikipedia, the free encyclopedia
Taxi is the name of a
chocolate biscuit sold under the McVitie's biscuit brand. It is produced by United Biscuits, a European food manufacturer. A Taxi is made from layers of wafer, caramel, and chocolate creme, and is covered in chocolate."

A embalagem portuguesa era azul com o nome do chocolate, salvo erro, a amarelo e tinha este aspecto:

O "Branco e Negro" como o nome indica era um chocolate que apelava à tolerância e era metade chocolate branco e metade chocolate negro. Tinha uma anúncio na tv com um fulano com a cara pintada e a cantar com roupa às riscas brancas e pretas.

"Coma com pão" é uma memória mais remota. Era um chocolate que tinha a particularidade de se comer com pão!

Se alguém souber do seu paradeiro, entre em contacto!

domingo, outubro 22, 2006

As fitas da chuva...
... no dvd

"Broken Flowers" de Jim Jarmusch, apresenta-nos um Bill Murray em tudo igual à personagem que desempenha em "Lost in Translation". Neste filme, a sua personagem, Don Johnston embarca numa viagem fisica e emocional ao seu passado, procurando um alegado filho de 19 anos, que teve com uma de muitas mulheres com quem se relacionou ao logo da sua vida. Oportunidade para rever actrizes como Julie Delpy, Frances Conroy, Jessica Lange, Sharon Stone, em registos diferentes do que estamos habituados. "Garden State" foi, na altura que estreou um "filme da moda". Zach Braff, actor conhecido da original série "Scrubs" (Sic Radical), é o autor, realizador e intérprete desta fábula de amor dos tempos modernos. Conta-nos a história de Andrew, um jovem que durante anos tomou antidepressivos para alegadamente controlar os seus impulsos violentos relacionados com um acontecimento do seu passado e que regressa à sua cidade natal para o funeral da sua mãe. A pouco e pouco o rapaz começa a conseguir sair do estado dormente em que andou durante anos, deixando os comprimidos para trás, conhecendo uma bela rapariga e voltando a dar-se com velhos amigos, com quem não tem muito a ver. Curiosamente ambos os filmes conseguem encontrar-se em alguns aspectos, nomeadamente o facto do ser humano sem se aperceber poder estar a transformar-se em alguém que não quer, mas também que às vezes é possível ultrapassar o desencanto da vida. Estas duas fitas demonstram que a produção indy norte americana continua a dar bons frutos.

quarta-feira, outubro 18, 2006

i Hola Madrid !

Em Madrid o dia-a-dia é outro. A agitação é tremenda, o castelhano é o idioma predominante, os espanhois recusam-se a falar outra lingua e não entendem inglês. Os espectáculos musicais, os filmes e a televisão são dobrados. As ruas estão sempre cheias de gente, há estreias de filmes com os protagonistas e passadeiras vermelhas, as avenidas têm vida até às tantas.
Em Madrid há parques da cidade, enormes e com vários recantos. É possível andar de barco, ouvir os pássaros, dormir em baixo de uma árvore.
Orgasmo de cacao... o famoso muffin de chocolate do Starbucks Café

Estação de comboios de Atocha (local dos atentados do 11 de Março)

Em Madrid respira-se cultura por todos os poros. Há o Museu do Prado, o Rainha D. Sofia, o Palácio Real... há Picasso, há Miró, há Dali, há Velasquez... Em Madrid há muito trânsito, mas há também muitas grandes praças e esplanadas. O Sol é predominante mas não faz tanto calor em Outubro. As pessoas falam alto, mas são solidárias.

O Metro leva-nos a todo o lado, sem grande esforço ou espera. Em cada esquina há um Starbucks ou um Dunkin Donuts, para a engorda e para "celebrar o capitalismo" ... e há cervejas e tapas depois de um dia de trabalho e antes do jantar.

Agitação antes de uma estreia mundial em Madrid...a estrela era o arh... Kevin Costner...

Um dia vamos todos parar aqui... para ser arranjados...

terça-feira, outubro 17, 2006

"Twelve and Holding", Michael Cuesta
Estreia brevemente...

Twelve and Holding foi o filme de encerramento do festival Indie Lisboa 2006. Michael Cuesta é o realizador e é curiosamente responsável por alguns episódios de 7 Palmos de Terra. A par da sua obra anterior, LIE (Long Island Expressway) – Sem Saída, o autor volta à temática da infância/adolescência, da procura de uma identidade e de um lugar no mundo, através das várias descobertas desse período, que ajudam o ser humano a tornar-se um ser social. O cenário é uma América suburbana e a morte de um dos irmãos que protagonizam o filme é o mote para a história de sobrevivência e vingança do que fica por cá, a par de algumas histórias paralelas do seu grupo de amigos. Para ver e já agora, para rever a primeira obra do realizador: LIE – Sem Saída.

domingo, outubro 15, 2006

Regressar a casa...

Para quem não gosta de parar no tempo em termos musicais, os últimos anos têm sido recheados de boas surpresas. De uns Franz Ferdinand a uns Arcade Fire, de uns Interpol a uns Strokes, passando pelos White Stripes, Zero 7 ou Patrick Wolf. Mas também os Killers e os Scissor Sisters são dois bons exemplos dessa nova onda musical e têm novos albuns.

The Killers - Sam's Town


Scissor Sisters - Ta Dah

quarta-feira, outubro 11, 2006

Pedimos desculpa pelo incómodo.
Estamos fechados para balanço.
Prometemos reabrir brevemente.

sexta-feira, agosto 25, 2006

Imagens de Verão #02
Sintra

quarta-feira, agosto 23, 2006

Sons de Verão #01
Bande A Part - "Nouvelle Vague" (2006)

Imagens de Verão #01
Praia da Vieira (Foz)

domingo, julho 16, 2006

Josh Rouse String Quartet
23/06/2006 Aula Magna, Lisboa

Foto de Alexandra Vaz

segunda-feira, julho 10, 2006

THE END
Six Feet Under: 2001-2005

10/07/2006, Canal 2

quarta-feira, junho 28, 2006

As frases que me têm ficado na memória...
... ao televisionar o "Six Feet Under"...

"You fucked someone's husband to death and then bring them a quiche?"
"You know, masturbation can relieve some of the tension!"

domingo, junho 18, 2006

The Pipettes "We Are the Pipettes"
Música para as viagens de Verão

The Pipettes, estas meninas vão longe... a partir de 17 de Julho.
É impossível não dançar, saltar e bater palmas com esta música: "Pull Shapes".


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domingo, junho 11, 2006

Festival Super Bock Super Rock
Parque Tejo, 07-06-2006

Editors, dEUS, Linda Martini, Franz Ferdinand


sábado, junho 10, 2006

Jacket Full of Danger
Adam Green

1. Pay The Toll 2. Hollywood Bowl 3. Vultures 4. Novotel 5. Party Line 6. Hey Dude 7. Nat King Cole 8. C Birds 9. Animal Dreams 10. Cast A Shadow 11. Drugs 12. Jolly Good 13. Watching Old Movies 14. White Women 15. Hairy Women

terça-feira, junho 06, 2006

06/06/06

a "besta" faz anos hoje

sábado, junho 03, 2006

VICTORY FOR THE COMIC MUSE
Divine Comedy

O novo álbum dos Divine Comedy, "Victory for the Comic Muse" sairá a 19 de Junho.
1. To Die A Virgin
2. Mother Dear
3. Diva Lady
4. A Lady of a Certain Age
5. The Light of Day
6. Threesome
7. Party Fears Two
8. Arthur C. Clarke's Mysterious World
9. The Plough
10. Count Grassi's Passage Over Piedmont
11. Snowball in Negative

Apesar de não ser a melhor música do álbum aqui fica o primeiro single, "Diva Lady", editado a 12 de Junho.


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segunda-feira, maio 29, 2006

Tradição é tradição!

Apesar dos 34 graus sentidos em Lisboa, resultantes de umas das piores ondas de calor de que há memória, em pleno mês de Maio, a tradição ainda é o que era.

Bife à Portugália + Pastéis de Belém


terça-feira, maio 23, 2006

Lisboetas, de Sérgio Trefaut
Nós... e os outros...

Os lisboetas somos todos nós, que nos esquecemos frequentemente que esta cidade (e mesmo o país), também é composto e feito por estas pessoas.

"Lisboetas" ganhou o Prémio de Melhor Filme Português na primeira edição do IndieLisboa.

terça-feira, maio 16, 2006

Play, de Alicia Scherson

A grande sensação do festival Indie Lisboa de 2006 foi a longa metragem “Play” da chilena Alicia Scherson. Claramente influenciado pelas histórias e ambientes de filmes de realizadores como Jean Pierre Jeunet (Amélie Poulain), Alejandro Gonzáles Iñarritu (Amor Cão) ou Pedro Almodóvar, este trabalho é uma abordagem sensível e irónica do percurso solitário de duas personagens de mundos diferentes e que se cruzam a partir do momento em que se verifica a perda da mala de Tristan, que é achada por Cristina.
Esse é o ponto de partida para conhecermos Tristan, um jovem arquitecto em crise de identidade, numa altura da sua vida em que é abandonado pela sua namorada e o trabalho não lhe corre bem, tendo sido assaltado, confundido com outra pessoa e perdido a sua mala, só lhe restando voltar a viver com a sua mãe; e Cristina, uma jovem enfermeira que leva uma vida bastante simples e solitária, cuida de um velho judeu às portas da morte e que faz da imaginação e dos sonhos os seus melhores amigos. Na esperança que o seu dia-a-dia se torne menos aborrecido, rotineiro e monótono, Cristina resolve ir ao encontro do dono da mala (e dono dos objectos que dela fazem parte: IPod, isqueiro, carteira, documentos, cigarros e fotografias).
O que se segue é o entrelaçar das vidas destas duas personagens, que só se cruzam verdadeiramente no final, e cuja história nos é apresentada de forma inteligente mediante a articulação entre cenas reais e espaço onírico e imaginário e recorrendo formalmente ao cruzamento entre histórias e à apresentação da visão e pontos de vista das diferentes personagens. Trata-se de uma crónica inventiva e criativa na qual a música tem um papel fundamental e que não é apenas decorativo, servindo muitas vezes como evasão da realidade, na vida das personagens, aspecto que confere ao filme um lado mágico e delicioso, de verdadeira fábula da vida contemporânea.
Não sendo uma obra prima, “Play” facilmente reuniu consenso entre os espectadores do Indie Lisboa, arrecadando o principal prémio do certame.

domingo, maio 14, 2006

All the Invisible Children
Mehdi Charef, de Emir Kusturica, Spike Lee, Katia Lung, Jordan e Ridley Scott, Stefano Veneruso, John Woo

Apadrinhado pela Amnistia Internacional, o presente filme é constituído por sete curtas metragens cuja temática transversal é mostrar o papel das crianças, as suas dificuldades e problemas, e acima de tudo o seu Estatuto em pleno século XXI, nas mais diferentes culturas. A primeira curta, da responsabilidade de Mehdi Charef (Argélia) conduz-nos até à história das crianças que são usadas como soldados em guerras cruéis, em relação às quais são completamente alheios, neste caso no Burkina Faso. Segue-se a curta de Emir Kusturica, cujo ambiente dos seus filmes é fácil de reconhecer. Trata-se da história de meninos que são manipulados pela sua família (ciganos) e obrigados a roubar e como as prisões/casas de correcção podem servir como tábua de salvação para estas crianças. A América de Spike Lee é a terceira curta do filme e aborda a marginalização das crianças filhas de toxidopendentes e seropositivos e dos estigmas e preconceitos que normalmente lhes estão associados. A rivalidade entre classes, as questões sociais (droga, Sida, guerra, raça) e a segregação social enformam um dos segmentos mais interessantes do filme. Como país de terceiro mundo e conhecido mundialmente pelas desigualdades sociais extremistas que o caracterizam, o Brasil não poderia ficar de fora. As favelas são, naturalmente, o cenário eleito por Katia Lung (co-realizadora do filme “Cidade de Deus”) que nos dá a conhecer o percurso de duas crianças que percorrem diariamente a favela onde vivem, em busca de cartões, latas, lixo... que vendem a troco de meros tostões. A quinta curta metragem, de Jordan e Ridley Scott, é a história de um fotógrafo de guerra que se sente atormentado pelos cenários que presenciou, destacando as dificuldades vividas por um grupo de órfãos do leste europeu e a sua luta pela sobrevivência. Seguiu-se Itália (Stefano Veneruso), com as suas majestosas praças que são palco de diários assaltos levados a cabo também por crianças, vítimas do crime organizado. A ocorrência de um desses furtos, é pretexto para assistirmos aos discursos e representações que o italiano comum tem sobre esta realidade que lhes é tão próxima. Finalmente, John Woo conclui este filme contando uma história que põe em evidência as desigualdades sociais na China, opondo uma menina rica a uma menina pobre, com especial incidência na escravidão das crianças/trabalho infantil.

domingo, maio 07, 2006

Geminis, de Albertina Carri

Este não é um filme de fácil digestão. A temática principal é a relação incestuosa entre dois irmãos (Jeremias e Meme), no seio de uma família de classe alta, que vive de públicas virtudes, mas também de vícios privados. A pretexto do casamento do filho mais velho (que vive em Espanha), a família reúne-se durante alguns dias para comemorar o acontecimento com pompa e circunstância. É nesse contexto que nos apercebemos da relação amorosa existente entre os dois filhos mais novos, (e que já dura há mais tempo) relação que se desenvolve de uma forma muito intensa, dramática, carnal e por fim, claro está, trágica. Curiosamente esta é uma temática recorrente nas novelas sul americanas, e a realizadora argentina Albertina Carri, inteligentemente demonstra-o numa das cenas do filme. Subjacente a esta história, encontramos neste filme uma clara crítica à sociedade oca e dos bons costumes, que vive de aparências, como é o caso da família retractada. Na verdade estamos perante um filme com um enredo bastante simplista, contudo nada simples de abordar pela complexidade que a temática do incesto encerra.
Ainda que o fim não seja dos mais originais (e não era assim tão difícil imaginar um final à medida desta história e ao mesmo tempo que não fosse previsível), é extremamente interessante a abordagem deste sentimento único entre os dois irmãos que foi para além do que é socialmente aceitável, mas também assistir à repercussão que a revelação de tal “anormalidade” tem na vida dos restantes familiares.
Destaque ainda para o papel dos pais, uma mãe hiperactiva que vive para o socialmente correcto, e um pai adormecido e ausente. Estas personagens ajudam a caracterizar o contexto e conferem ao filme mais alguns motivos de interesse.
É perturbante, incómodo, polémico, sofrido e cruel... mas apaixonante.

quinta-feira, maio 04, 2006

Murderball, de Henry-Alex Rubin

Murderball é uma prática desportiva que consiste numa espécie de Rugby, mas praticado por tratraplégicos em cadeira de rodas especialmente apetrechadas para o efeito. É também o nome de um documentário de Henry-Alex Rubin, (vencedor do Festival de Sundance 2005 e que curiosamente esteve entre os nomeados para Óscar de melhor documentário em Hollywood), que acompanha o quotidiano de um conjunto de homens incapacitados fisicamente e que ficaram tetraplégicos, exibindo-nos o dia-a-dia de duas equipas da referida modalidade, que são rivais, EUA e Canadá, nomeadamente na sua preparação para os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. A pretexto do acompanhamento da preparação para esse acontecimento desportivo, conhecemos o seu percurso, o seu ambiente familiar, as suas histórias de vida, e a forma como lidam com as suas limitações, desde o momento em que ficaram nesse estado até à sua recuperação. Para os participantes no documentário, a recuperação passou precisamente pela prática desportiva, pondo o filme em evidência a forma como o desporto consegue reunir todo o tipo de pessoas e como a competição pode funcionar como terapia, física e psicológica.
Este é um documentário, autêntico, realista mas também informal, sendo por exemplo pautado por momentos cómicos (como as cenas em que são abordadas as práticas sexuais e de engate dos intervenientes). É, com efeito, um verdadeiro “murro no estômago” de quem assiste, e que leva a que nós, que não temos limitações físicas, ponhamos em causa muitas das nossas atitudes perante a vida. Estes homens não perderam tempo, aprenderam a viver com deficiência e a lutar por uma vida com qualidade. Não há aqui lugar a lamechices ou qualquer manifestação de pena, apesar de existirem alguns momentos dramáticos que apanharam o próprio realizador desprevenido, como quando um dos tetraplégicos sofre um ataque cardíaco e assistimos às implicações desse acontecimento na vida dos colegas e familiares e do próprio doente, que mais uma vez não desiste. Curiosamente uma das figuras centrais do filme, Joe Soares, é português, e lamenta que em Portugal haja tanta ignorância e preconceito no que toca a estas questões, destacando que aqui não teria qualquer hipótese de recuperação e de levar uma vida digna e praticamente normal. Lamentavelmente tem razão.
Não há motivo para não ir ver este documentário, que estreará brevemente nas salas nacionais.

quarta-feira, maio 03, 2006

The Death of Mr Lazarescu, de Cristi Puiu

Lazarescu Remus Dante é um pobre diabo. Na casa dos 60, viúvo e solitário, este velho conta apenas com a ajuda (mínima) dos vizinhos e a companhia dos seus gatos, e tem a particularidade de ser hipocondríaco. Talvez por isso, e principalmente por ser dado à bebida, ninguém acredita em si quando começa a sentir uma dor de cabeça indesejada.
Este espantoso filme apresenta-nos o calvário de um pobre velho para ser atendido nas urgências de um hospital. Acompanhamos a saga deste infeliz velho, de Urgência em Urgência, passando pelas mãos de pessoal médico com as mais diversas competências. São várias as opiniões, diversos os diagnósticos, desde cirrose a cancro no cólon, passando por traumatismo craniano ou pura e simplesmente... ressaca!
O realizador romeno Cristi Puiu pensou este filme como a primeira de uma série de seis histórias sobre os subúrbios de Bucareste, e esta, em particular, facilmente permite-nos encontrar paralelo na realidade portuguesa. Durante duas horas e meia somos arrastados para uma situação filmada como se de uma situação real se tratasse, com uma crueldade, realismo e pertinência que nos chega a deixar constrangidos face a este drama intenso e que põe em evidência as deficiências e fragilidades do sistema de saúde romeno (mas que podia ser o nosso), contudo, sem cair no melodrama de lágrima fácil.
Com excepção da paramédica Mioara, não há ninguém no filme que se preocupe verdadeiramente com a situação de Lazarescu: os vizinhos ocupam-se em apontar-lhe o dedo e dedicam-se ao vasculhar da vida alheia, o pessoal médico perde tempo a evidenciar hierarquias e comparar competências, afastando-se claramente daquela que deverá ser a sua missão primordial.
Este foi um dos melhores filmes em competição no festival Indie Lisboa 2006 (recebeu uma Menção Especial), e espera-se que venha a ter estreia comercial porque é demasiado bom para ficar circunscrito ao circuito dos festivais.

terça-feira, maio 02, 2006

Double Suicide Elegy, de Toru Kamei

Todos nós procuramos um sentido para a nossa vida, tentamos corresponder ao que esperam de nós, às exigências da família e da sociedade. Enquanto indivíduos em interacção com os outros aprendemos desde cedo a respeitar regras, a apreender princípios, valores e ideais sob os quais nos devemos reger e que sejam comuns e partilhados por todos na comunidade a que pertencemos. Mas quando chegamos à conclusão que estamos a viver uma rotina sem sentido, que o dia-a-dia não nos dá prazer e que não pertencemos ao meio em que estamos inseridos, vislumbram-se poucas hipóteses: tornamo-nos autênticos zombies, ou vivemos à margem ou pomos fim a tudo. Em “Double Suicide Elegy”, ela (Kyoko) e ele (Bandai) reúnem-se diariamente numa casa alugada durante duas horas por dia, tornando-se amantes. Nesta obra de estreia do realizador japonês Toru Kamei, acompanhamos as várias tentativas de suicídio conjunto de duas almas que há muito vagueavam sem sentido e para quem nem o seu encontro (e relação) significa motivo suficiente para demover estas almas deprimidas. O realizador recorre a uma técnica habitualmente utilizada no cinema ocidental independente de apresentar o ponto de vista de cada uma das personagens, técnica que se estende também, de forma original, à visão dos seus respectivos cônjuges. Essa forma de realização confere ao filme uma dinâmica e interesse que dificilmente aconteceria se a história nos fosse apresentada de forma linear.

segunda-feira, maio 01, 2006

“Um Pouco mais pequeno do que o Indiana”, de Daniel Blaufuks

Portugal, Campeonato Europeu de Futebol 2004. O país viveu meses de exaltação do ego nacionalista, os jogadores de futebol foram promovidos a heróis nacionais e bandeiras nacionais avistadas em janelas, carros, e outros sítios menos prováveis; o verde e vermelho foram as cores que mais se vestiram e o hino nacional teve direito a toque de telemóvel. Portugal apresentou uma fachada para a Europa e para o Mundo, dando ares de moderno, desenvolvido e civilizado.
Contudo, em Julho de 2004, no rescaldo do campeonato de futebol, Portugal era um país destroçado, desmoralizado, em crise de identidade, e de tão envergonhado, ficou ainda mais pequeno... um pouco mais pequeno que o Indiana.
Aproveitando-se da especificidade desse momento, um fotógrafo português com nome estrangeiro, Daniel Blaufuks, ao volante de um Mercedes antigo, galgou estrada pelos caminhos de Portugal, e viu tanta coisa linda, tanta coisa sem igual. Blaufuks tinha como missão filmar o seu país e retractar uma paisagem em constante mutação, diferente da que tinha gravada na sua memória e nos postais de outrora. Apostado em apanhar em flagrante Portugal no seu melhor, o realizador filma as rotundas desnecessárias, as merendas nos pinhais (onde deflagram os incêndios), os estádios fantasma do Euro, as vivendas decoradas com mau gosto, as piscinas, os mamarrachos da “arte pública”, o desrespeito no trânsito, as televisões sempre ligadas... e na verdade não filma mentira nenhuma! Essas imagens são acompanhadas por informação estatística sobre o carácter dos portugueses: o povo mais desconfiado, o menos educado, etc...
Contudo, é evidente neste documentário uma tentativa forçada de concretizar e comprovar um conjunto de noções que o autor já tinha previamente, isto é, só filmou aquilo que legitima a sua visão e que vai ao encontro dos seus propósitos, revelando-se tendencioso, minimalista e, acima de tudo, superficial. No seu documentário (ou comentário, como o autor prefere) não há lugar a qualquer problematização, reflexão ou análise, que é essencial no enquadramento de imagens (que são factos) e dados estatísticos. O autor limitou-se a narrar e opinar (e que péssima narração!) meia dúzia de lugares comuns (sempre negativos) e não procurou desconstruir a realidade que se lhe afigurava, que encarou de forma passiva e unilateral. Com alguma arrogância e presunção o autor revelou conter em si uma das características típicas do português – dizer mal de tudo!
Não querendo cair nessa mesma maledicência, destaco positivamente a banda sonora do filme, a cargo dos Dead Combo, pautada também por músicas dos tempos da velha senhora (Duo Ouro Negro, Eduardo Nascimento), os bons ângulos fotográficos (ou não fosse o autor também fotógrafo), as imagens de arquivo e, apesar de tudo, a discussão que o filme consegue suscitar.

sábado, abril 29, 2006

Finalmente! Belle And Sebastian em Portugal
17 de Julho, Coliseu de Lisboa
29 euros

quinta-feira, abril 27, 2006

"Mutual Appreciation", de Andrew Bujalski

Estamos perante um filme puramente independente, isto é, filmado com poucos meios, assuntos abordados sob pontos de vista não convencionais, planos fixos e artesanais, elenco reduzido e familiar. Realizado por Andrew Bujalski, naquela que é a sua segunda incursão por estas lides, Mutual Appreciation acompanha a vida de 3 personagens que ainda estão à procura do seu lugar no mundo. Filmado com planos muito aproximados e fixos, a preto e branco e constituído essencialmente por diálogos sobre o sentido da vida, a viagem que fazemos por estas vidas revela-se algo monótona e pouco convincente. As personagens são típicos meninos endinheirados que fingem ser independentes e auto-suficientes, vivendo um dia-a-dia ilusoriamente alternativo e rebelde, e que resolvem debitar perante a câmara um conjunto de divagações e preocupações que se traduzem em muito pouco conteúdo. O próprio uso do preto e branco parece uma tentativa do realizador fazer algo com um certo ar intelectual, ou aspirando a tal. Apesar de tudo o filme não cai totalmente na banalidade e embora as personagens não nos consigam cativar plenamente, o filme tem alguma classe e em nada tem a ver com qualquer comédia romântica teen tipicamente americana.
O realizador, Andrew Bujalski, que também é actor no filme, estava presente na sessão, que se realizou no Cinema King, numa sessão do Indie Lisboa, conseguindo a proeza de ser a personagem mais irritante da sua própria obra.

terça-feira, abril 25, 2006

"The Devil and Daniel Johnston", de Jeff Feuerzeig

Daniel Johnston é um louco. Dan Johnston é um génio. Este é o mote do documentário em torno de umas das figuras mais carismáticas da cena musical do rock-folk americano. A história desta personagem é apresentada através de um inteligente intercalar de entrevistas e testemunhos de pessoas que estiveram presentes na vida de Daniel, articulados com registos em áudio e vídeo realizados pelo próprio e que conferem ao filme um registo dinâmico e extremamente realístico (um pouco ao jeito de "Tarnation"). O filme inicia-se nos anos 70. Daniel, ainda um jovem, dava sinais da sua genialidade através da escrita e interpretação de músicas baseadas na sua história pessoal, e vídeos caseiros nos quais recriava diversas personagens do seu quotidiano e universo, entre as quais a sua própria mãe. Os anos 80/90, época de maior expressividade da sua obra, é também a altura em que a doença bipolar de que padece mais se evidencia. Nos dias de hoje, quando Daniel está na casa dos 40, leva uma vida regada de medicação e cuidados, mas continua a ter oportunidade de criar.
Durante duas horas são documentados vários episódios da atribulada "carreira"/"vida" deste talentoso músico (e original cartoonista), e do culto gerado em torno desta figura por uma comunidade alternativa que o idolatrava e acarinhava. As suas actuações revelavam o quão perturbado, maníaco e alucinado conseguia ser. A partir de determinada altura - que culmina no seu internamento - Daniel, que teve uma educação extremamente religiosa, começa a levar à letra e a adulterar o sentido das Escrituras, pondo algumas delas em prática...
Ao longo dos anos as suas letras e melodias, íntimas, profundas, apaixonadas, foram sendo utilizadas por artistas como Mercury Rev, Flaming Lips, Tom Waits, Beck ... o que contribuiu para que o seu trabalho se tornasse conhecido por um maior número de pessoas.
Este filme, vencedor do prémio do púbico para melhor documentário no festival de Sundance 2005 (e melhor realizador), é um verdadeiro exemplo de como a genialidade e a loucura estão de mãos dadas. Encontra-se para consumo obrigatório no festival Indie Lisboa e brevemente em estreia comercial.

segunda-feira, abril 24, 2006

Blitz: 1984-2006

O Blitz (jornal) vai dar lugar à Blitz (revista) num verdadeiro exercício de transformismo. Hoje foi a última edição.

Me And You And Everyone We Know, de Miranda July

Este é um daqueles filmes que a comunidade cinéfila em Portugal questiona há muito tempo porque é que nunca estreou em Portugal. No filme é usada a técnica habitualmente utilizada na produção independente americana de narrar várias estórias que a dada altura se entrelaçam, ao jeito de "Happiness", abordando com grande sensibilidade alguns dos temas típicos do cinema independente. Cada cena do filme revela-se interessante e em algumas situações hilariante, contudo o filme peca por não ter uma história estrutural convincente (a que é vivida pela personagem de Miranda July, a realizadora). O filme vive de bons momentos, mas em termos globais não é muito consistente, não permitindo ao espectador envolver-se no filme e com as personagens. Contudo é possível tirar bom partido de pequenas cenas, simples, bem pensadas e eficientemente construídas. O filme constitui-se como um exemplo bem sucedido de como é possível construir narrativas a partir da banalidade que é a nossa vida, sem ter de recorrer a grandes floreados ou cair em clichés. Durante cerca de hora e meia são vários os temas abordados de forma simples, cómica e sensível: a inocência perdida das crianças; a busca da inocência perdida, pelos adultos; a procura do verdadeiro amor em todas as idades; a difícil partilha da intimidade... Especial destaque para o elenco infantil, sem dúvida o melhor do filme e que é responsável pelas gargalhadas que deverão ter sido ouvidas no Magnólia Café, ali mesmo ao lado do cinema Londres, onde decorreu a sessão, no âmbito do Festival Indie Lisboa.

domingo, abril 23, 2006

Le Temps Qui Rest, de François Ozon

Depois de "5X2", que retractava o percurso da relação entre um homem e uma mulher durante 5 etapas da sua vida, François Ozon ("Swimming pool" e "8 Mulheres"), cineasta francês cujo nome está associado inevitavelmente ao que de melhor se tem feito no cinema francês nos últimos 10 anos, apresenta-nos o seu mais recente filme, "Le Temps Qui Rest".Segundo o realizador, trata-se do segundo filme de uma trilogia sobre a morte, que se iniciou com "Sob a Areia".Neste filme, o actor Melvil Poupaud (que esteve presente na ante-estreia do filme no âmbito do festival Indie-Lisboa, no Fórum Lisboa), retrata um jovem de 31 anos a quem é diagnosticada uma doença terminal. O filme aborda a forma como o jovem Romain lida com a situação, desde a pura negação da sua condição até à resignação e aceitação do seu destino. O filme ancora-se essencialmente na espantosa e eficiente interpretação do actor principal, cuja personagem revela um carácter egoísta, arrogante, de perfil individualista, mas que não deixa, contudo, de demonstrar o seu lado mais frágil e sentimental despedindo-se a pouco e pouco e à sua maneira dos seus entes mais próximos e também de si próprio. Apesar da temática, o filme não cai em sentimentalismos, melodramas e choro fácil. Melvil Poupaud aquando da sua intervenção no Fórum Lisboa pediu que "tenham uma boa sessão, mas desculpem porque vão ficar deprimidos". Curiosamente no fim do filme senti-me bem e em paz interior.

sexta-feira, abril 14, 2006

E que a morte esteja convosco...

Saudações fúnebres a todos!
Na segunda feira dia 17 de Abril a RTP2 transmite às 22h30m (e às 01h30m) um programa especial sobre a 5ª série de Six Feet Under.
Segundo o site da RTP, trata-se de "um excelente "making of" da série de culto "Sete Palmos de Terra". Todos os processos que envolveram a rodagem e produção desta aclamada série, incluindo entrevistas aos actores e realizador." Todos nós sabemos como esta gente exagera, mas vale a pena ver...
Ás 23h45m um especial de 2 horas com a transmissão dos 2 últimos episódios da 4ª temporada. Dia 24, véspera da revolução, a estreia da 5ª série às 22h30m. O acontecimento do ano!
No primento episódio "Ruth está apreensiva com o regresso de George do hospital. Nate e Brenda preparam-se para o seu grande dia. Mas um triste acontecimento os fará reconsiderar. Enquanto isso, David e Keith discutem alternativas para se tornarem pais."
As minhas condolências...

quinta-feira, março 23, 2006

Festival Indie Lisboa 2006
11 dias de overdose alternativa
Matthew Barney, Björk, Nick Cave, Emir Kusturica, Abel Ferrara e Larry Clark na 3ª edição do IndieLisboa

O Festival Indie Lisboa está de volta, nos dias 20 a 30 de Abril em Lisboa. Para este terceiro ano e apesar de bizarria da Câmara Municipal que queria o festival de volta ao cinema S. Jorge, apesar deste estar em obras, o festival mantém a sua sede (desde o 2º ano) no Fórum Lisboa, continua nas salas do King Triplex e aproveita ainda o cinema Londres ali perto na Av. de Roma... (quem sabe se para o ano que vem o cinema Quarteto, também geograficamente aproximado, albergará o festival!).
Este ano o festival constitui-se por 282 filmes na programação final (contra 130 do ano passado e 79 em 2004), seis salas (Londres, King e Fórum Lisboa, 4 em 2005 e 3 em 2004), 14 estreias mundiais (7 internacionais e 2 europeias) e 48 filmes portugueses (6 longas metragens e 42 curtas).Oportunidade para recuperar uma vez por ano o ambiente que se vivia no Cine222 quando a Zero em Comportamento (o organizador do festival) programava essa sala com ciclos temáticos e alternativos, mas desta vez, com melhores condições. Pena que o festival não se possa prolongar numa destas salas ao longo do ano em reposição.
O ano passado o festival terminou com a Ante-estreia do então mais recente filme de Todd Solondz, "Pallindromes" (do realizador de "Happiness") - e que curiosa e estranhamente nunca chegou a estrear em Portugal - e este ano encerra com o novo de Michael Cuesta, "Twelve and Holding" (do realizador de "L.I.E" e que faz parte da equipa de Sete Palmos de Terra).

terça-feira, março 21, 2006

"A History of Violence", David Cronemberg
There’s no such thing as monsters

O novo filme de David Cronemberg traz até nós uma América provinciana e pacata onde o sentimento de comunidade funciona como uma carapaça de protecção à rotina e previsibilidade dos seus habitantes tradicionais e corriqueiros. O mesmo David Cronemberg de "A Ninhada" ou "A Mosca", aparentemente virou-se contra si próprio e contra a sua fórmula de sempre. "There’s no such thing as monsters", diz o protagonista à sua filha, angustiada após ter tido um pesadelo com monstros. Mas neste filme os monstros são outros... e corporizam-se em fantasmas do passado, nas mentiras e na ilusão e medo de não saber quem é a pessoa que esteve ao nosso lado a vida inteira. Mas apesar desse aparente afastamento do lado "monstruoso", há elementos típicos da cinematografia do realizador como a violência e o sexo (na sua forma brutal e carnal), que se mantêm presentes, bem ao estilo de "Crash" (o polémico filme do realizador, onde eram exploradas relações mecânico-sexuais). Estamos perante um filme que, a par de "Caché - Nada a Esconder" de Michael Haneke, nos faz sentir um aperto no peito durante todo o filme, sensação que é ajudada pelas interpretações nuas e cruas de Viggo Mortensen e Maria Bello.
A ilusão e a crença é o que ainda nos vai permitindo sobreviver, mas a desilusão é capaz de nos matar!

domingo, março 19, 2006

Regina Spektor + Tori Amos = Fiona Apple
Com um ano de atraso...
"Extraordinary Machine", Fiona Apple

1. Extraordinary Machine
2. Get Him Back
3. Oh Sailor
4. Better Version Of Me
5. Tymps
6. Parting Gift
7. Window
8. Oh Well
9. Please Please Please
10. Red Red Red
11. Not About Love
12. Waltz

sábado, março 18, 2006

Sons para a ouvir com a chuva de março...
Sondre Lerche "Duper Sessions"
Lançamento: 21 Março

1. Everyone's Rooting For You
2. Minor Detail
3. Across The Land
4. The Curse Of Being In Love
5. Dead End Mystery
6. Night And Day
7. Once In A While
8. Human Hands
9. You Knocked Me Off My Feet
10. I Wanna Call It Love (ouvir)
11. Nightingales
12. I'm Not From Here
13. You Sure Look Swell


segunda-feira, março 13, 2006

Outro senhor que está quase a chegar...
"The Sopranos" - 6ª e última temporada
Estreou hoje nos EUA

quarta-feira, março 08, 2006

Este senhor está prestes a chegar.

"Ringleader of the Tormentors"
3 de Abril 2006

um aperitivo: Morrissey - You Have Killed Me (o vídeo).

terça-feira, fevereiro 28, 2006

Beautiful Agony
Facettes de la petite mort

O site Beautiful Agony é dedicado, como o próprio site indica, à beleza do orgasmo humano. Não se trata de um site pornográfico, a única nudez que é vista está acima do pescoço. O conceito do site é precisamente que as pessoas para lá enviem um pequeno filme de um seu orgasmo. Nem sempre se percebe se a pessoa está sozinha ou acompanhada, ou o que faz para atingir o dito. Mas a expressão não engana! O site é pago, embora com algumas amostras grátis (referenciadas como free sample).