domingo, abril 29, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 11 (29/04) - último dia
"Forever" + balanço final

O último dia do festival decorre num ambiente mais pacífico, menos competitivo e agitado. É o dia em que todas as decisões já estão tomadas e resta aos espectadores ver ou rever os filmes premiados. Este é o dia em que vê-se menos o público habitual do festival e aparecem algumas caras novas, curiosas quanto aos premiados.

"Forever" recebeu o prémio dos votos dos espectadores. Nada fazia prever, uma vez que durante praticamente todo o festival era "The U.S. Vs John Lennon" o potencial vencedor (podemos acompanhar sempre essa votação no decorrer do festival). Aliás, este filme passou apenas 2 vezes e em horários pouco famosos, e foi certamente a sessão das 18:30 de dia 28, que terminou apenas 1h30 antes da sessão de encerramento, que veio alterar a ordem das coisas. O prémio atribuido pelo público a este filme apenas prova que a maioria do público não se deixou levar pela facilidade de votar em filmes mais acessiveis (mas igualmente bons) como "Shortbus" ou "The Hottest State", e premiou uma obra poética, com um ritmo muito próprio e com uma temática muito pesada - a morte. Na realidade este é um documentário que tem como cenário o famoso cemitério de Père-Lachaise em Paris, onde estão sepultados famosos como Oscar Wilde, Marcel Proust, Maria Callas, Edith Piaf, Jim Morrison, entre outros. Ao longo de hora e meia a realizadora aborda algumas das pessoas nesse cemitério que nos falam da sua relação com a arte, e com a morte. Alguns vão apenas visitar um familiar, por a conversa em dia, limpar e arrumar a campa, procurar um pouco de isolamento e de silêncio. Outros, vão visitar as campas dos famosos, que de uma forma ou de outra mudaram a sua vida. Todos têm histórias interessantíssimas para contar. Todos têm um olhar triste e nostálgico. Em alguns casos acompanhamos mesmo um pouco das suas vidas, e de que forma estão ligados a uma determinada personalidade enterrada ali. É o caso de uma pianista cujo pai já falecido era fã de Chopin, do pintor que aos 20 anos não entendeu a obra de Proust, mas que aos 35 lhe mudou a vida, de um homem que ganha a vida a embalsemar mortos, etc. É um documentário que alia a arte, um dos expoentes máximos da vida, à morte e à forma como quem cá fica lida com essa realidade.
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Terminou mais um Indie Lisboa, nesta sua 4ª edição. Mais uma vez se comprovou que Lisboa precisa de um festival de cinema assim, que com o passar dos anos se vai impondo e que teve este ano cerca de 35 mil bilhetes vendidos. É certo que o público deste festival em grande medida é o que está mais disponível, jovens urbanos e universitários, mas ao longo desde 11 dias pôde constatar-se que há muitos outros públicos que procuram este festival. Destaque positivo para toda a organização, para a existência pela primeira vez de uma bilheteira central, da existência de um Indie Bus que ligou o Fórum Lisboa ao S. Jorge, o regresso a essa mítica sala, e que bem que se estava no café do cinema, e na esplanada com vista para a Av da Liberdade. Apenas a apontar negativamente o Indie Bus ser tão pequeno (responsabilidade da Carris), não ter existido festa de encerramento no S. Jorge que de certo é da responsabilidade da Câmara (foi um pouco abrupto o final, dado que após a sessão de encerramento, e ao contrario dos outros dias, a festa apenas continou na Gare Maritima de Alcantara) e não ter existido ligação entre o S. Jorge e a festa em Alcântara (provavelmente também responsablidade da Carris). Mas como se costuma dizer relativamente ao Vinho do Porto, quanto mais velho melhor, e que venha o 5º Festival Indie Lisboa 2008!

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