segunda-feira, novembro 17, 2008

Paris, de Cédric Klapisch (2008)

Paris, a cidade luz, a cidade do amor. Paris é mais uma vez cenário de filme, mais que uma paisagem, é novamente uma grande personagem. Esta é mais uma homenagem a Paris, a par de Paris Je T'aime ou Dans Paris, apenas para referir alguns filmes recentes.
Alguns anos após "As Bonecas Russas", eis-nos de novo face a um filme de Cédric Klapisch, e novamente com Romain Duris. Mas este é um filme mais adulto, com mais substância. "Paris" é uma pallette de várias histórias e personagens que se cruzam, com inicio e término na história da personagem de Duris, um bailarino profissional com um problema de coração que pode ser terminal. Mas pensar que essa história é o filme, seria muito redutor. Durante 2 horas temos oportunidade de entrar na vida alheia destes habitantes de Paris, com as suas semelhanças, diferenças, relações e acções. É um filme que se debruça também sobre a solidão humana, cada vez mais típica dos grandes centros urbanos, impessoais, frios e onde simultaneamente atracção e decadência andam de mãos dadas. É essencialmente um filme que nos lembra que temos de celebrar a vida com mais frequência.

sábado, novembro 15, 2008

Estoril Film Festival 2008

Ao European Film Festival 2007 deu lugar o mais modesto Estoril Film Festival 2008. O festival é o mesmo, mas muda o nome, o que pode significar também uma mudança de atitude. Se o ano passado o European foi organizado à pressa, estava pouco divulgado, e além de afastado do grande centro urbano que é Lisboa os bilhetes eram caros e algumas das sessões reservadas a pessoas do meio, este ano o festival desceu um pouco ao comum mortal, baixando o preço dos bilhetes para 3€ (um preço até mais acessível que os outros festivais estão a praticar), e espera atingir a meta dificil dos 30 mil espectadores (contra os apenas 5 mil do ano passado).
Mas não há que negar que este festival não é como os outros. Este festival tem grandes estreias do que melhor se está a fazer na Europa, tem uma competição internacional, tem uma homenagem a Bertolucci, uma Retrospectiva Tim Burton, e tem estrelas internacionais.
Notícias:

domingo, novembro 09, 2008

Destruir Depois de Ler, de Ethan Coen, Joel Coen (2008)

Diz a sinopse deste filme que o mesmo é sobre um ex-agente da CIA "que decide escrever as suas memórias documentando segredos do governo, após ter sido despedido" Diz também que "a sua ex-mulher decide, durante as partilhas do divórcio, roubar-lhe o disco que contém o único exemplar do manuscrito e que por engano" e que "esse disco cai nas mãos de dois empregados sem escrúpulos que trabalham num ginásio e que tencionam explorar ao máximo a sua descoberta, vendendo a informação de forma a poder pagar uma cirurgia plástica". Parece confuso? É... o novo filme dos Irmãos Coen. O meu conhecimento da obra destes cineastas é algo tosca, tendo visto apenas alguns filmes da sua já longa carreira. Contudo, é sobejamente reconhecida a sua genialidade tanto no campo dramático como no da comédia. Este é um filme recheado de "estrelas de hollywood" juntamente com os chamados "secundários de peso", mas em papeis de gente parva, desvairada, cujos actos impensados os conduzem a situações ridiculas, pouco plausíveis, numa teia de acontecimentos que que se cruzam e simultaneamente geram outros tais. Este é um filme que ridiculariza os filmes de espionagem e critíca de forma muito original o autentico cenário de suspeição, terror e paranóia tipico dos EUA, principalmente após o 11 de Setembro/2001. Um filme divertido, descontraído, comédia estúpida mas no bom sentido, porque de vazio não tem nada. Embora existam momentos de crítica mordaz e humor inteligente, por vezes exagera-se na estupidez de algumas personagens tornando-os realmente patéticos, dentro do que é pateticamente aceite (ex: a personagem interpretada por John Malkovich). Mas vale a pena espreitar.

Ladytron @ Lux 4-11-2008

Os Ladytron já andam por estas vidas da música há uma série de anos, e pontualmente até têm passado por Portugal, contudo este não deixava de ser um dos concertos mais aguardados do final deste ano, e só podia ser numa sala a condizer com a estética e aura electropop da banda, o Lux. Concerto muito certinho, excepto nas horas, atrasaram-se uns bons 45 minutos, muito fiel ao último álbum "Velocifero" (que aqui referi em Maio). Quanto às músicas mais antigas a tendência foi actualizarem a roupagem das mesmas, o que é sempre de louvar, numa banda que se apresenta muito mecânica e algo fria em palco, mas que não nos deixa de cativar e nos transportar para uma atmosfera simultaneamente futurista e revivalista.
Embora o som a principio não se apresentasse nas melhores condições, foi sem dúvida um óptimo concerto.

Fica aqui mais um single do último álbum: "Runaway"

domingo, novembro 02, 2008

The Flower Bridge, de Thomas Ciulei (2008)

Doc Lisboa 2008

Um dos filmes mais interessantes que passou este ano no festival Doc Lisboa, é o romeno "The Flower Bridge". Curiosamente este filme fez parte da programação deste ano do festival Indie Lisboa. Trata-se de um documentário que tem um cenário rural de uma aldeia na Moldávia como pano de fundo, debruçando-se sobre o quotidiano de um pai e três filhos adolescentes (1 rapaz e 2 raparigas), cuja mãe está ausente emigrada para a Itália, onde trabalha para ajudar a sustentar a sua famíia. Saliente-se o facto de ser a mãe e não o pai que sai de casa para trabalhar, rompendo com um modelo mais tradicional de família no qual a figura masculina sustenta o lar. O filme está justamente inserido na secção Novas Famílias, Novas Identidades. Um filme de extrema beleza estética, mas cujo conteúdo também não deixa nada a desejar, muito embora seja uma história banal mas que pode servir de ponto de partida para uma reflexão mais profunda sobre os movimentos migratórios do Leste Europeu.
Este filme foi antecido da curta "For Them (Por Mis Hijos), com temática semelhante, mas desta vez tendo como personagem principal uma mulher, uma emigrante latino-americana que tenta a sua sorte em Barcelona, precisamente deixando para trás os seus filhos.