quarta-feira, março 05, 2008

Garage, de Lenny Abrahamson (2007)

Uma das primeiras surpresas do ano, é este filme irlandes. Trata-se da história de um homem extremamente solitário que trabalha numa bomba de gasolina numa qualquer terra provinciana da Irlanda. Josie, assim se chama o senhor, é aquela personagem que todas as aldeias têm, que toda a gente conhece e aceita com alguma condescendência e pena, um bobo da côrte. Josie é um homem simples, solitário, muito pouco ambicioso e de certa forma triste, mas ainda assim tem sempre uma palavra de optimismo e facilmente se conforma com a adversidade, embora também nada faça para mudar a sua situação. Josie tem momentos só seus, nos quais sente-se realmente feliz. Mas um dia, o carácter de Josie vai ser posto em causa, quando apanhado numa situação inconveniente, que o envergonha. Este é um filme que vive de muitos silêncios, de pensamentos inacabados e frases que ficam por dizer. Assistimos ao dia-a-dia entediante desta personagem, à sua interacção com outros elementos da sua comunidade, com o seu patrão, com as mulheres e homens da aldeia, e principalmente com um adolescente que é contratado para o ajudar na bomba de gasolina e o seu grupo de amigos. É a história de um homem banal, que apesar dos silêncios está a gritar por dentro, e acaba por ser traído pela sua própria inocência. Afinal, já não há espaço naquela aldeia para um tonto como Josie. O provincianismo pacóvio daquela aldeia acaba por ser uma das críticas mais subliminares desta obra.

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