domingo, março 30, 2008

Os Fragmentos de Tracey, de Bruce McDonald (2007)

Fragmentos de Tracey é um filme sui generis. Como o próprio título indica, este é um filme de fragmentos, de pequenos pedaços da vida de Tracey, uma jovem outsider, com bastantes problemas familiares, problemas de integração na escola, que vive igualmente o drama de ter perdido (literalmente) de vista o irmão mais novo, enquanto tinha a sua primeira experiência sexual. Ellen Page (ainda antes de ser Juno, essa outra rapariga tipicamente outsider), é a protagonista desta experiência. Digo experiência, porque este é um filme experimentalista, que vive de avanços e recuos na história, de imagens paralelas, de sobreposição de sons e imagens, divindo-se o ecrã quase sempre em diversos quadradinhos com diferentes ângulos de cada momento ou diferentes formas que o espectador tem de percepcionar uma mesma situação. Mas com tanta fragmentação esquizofrénica, este é também um filme desiquilibrado. Privilegia-se a forma em prejuízo do contéudo. É pena, porque adivinhava-se uma grande obra, feito que passou em grande parte, ao lado. Ainda assim, tem o mérito de ter uma espantosa interpretação de Ellen Page e permitir também que o cinema enverede por caminhos menos convencionais, fugindo ao tão habitual e limitado estilo linear. Destaca-se ainda a música a cargo dos Broken Social Scene.
Curiosamente a Crítica também reagiu de forma bastante antagónica face a esta película. Por um lado temos o crítico João Lopes do DN a considerar que "se há filmes capazes de reflectir a fascinante encruzilhada do melhor cinema moderno, este é, seguramente, um desses filmes" ou Nuno Galopim (também do DN) que o considera "um filme simplesmente imperdível nos ecrãs portugueses", por outro lado o jornal Público atribui-lhe 1 única estrela. Fica à consideração de quem quiser ver e opinar.

http://www.thetraceyfragments.com/

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