domingo, novembro 20, 2005

12 de Novembro 2005, Aula Magna, "Devendra Banhart and The Hairy Fairy"

12 de Novembro, típico sábado chuvoso de Outono, pós S. Martinho. O cheiro das castanhas ainda paira no ar. Na Aula Magna de Lisboa, Devendra Banhart actua perante uma sala praticamente cheia. Confesso que foi das poucas vezes que me aventurei na ida a um concerto sem conhecer muito bem o artista, mas o último álbum de Devendra, "Cripple Crow" não me saía da cabeça, e revelou-se diferente do que o senhor tinha feito antes, já que foi produzido enquanto banda, ao contrário dos anteriores "Rejoicing in the Hands" ou "Niño Rojo", que viviam mais da voz e guitarra de Devendra, e que não me tinham seduzido tanto. Apesar do tempo de espera na desconfortável plateia da Aula Magna, e o sacríficio da primeira parte com uma indescritível (pelos piores motivos) banda, de nome "Caveira", que representou um dos piores 30 minutos da minha vida, felizmente a hora e meia seguinte foi supreendente e até emocionante. A acompanhar Devendra, os Hairy Fairy (fadas cabeludas). A ideia que tinha deles (e do próprio Devendra) era a de uns gadelhudos, barbudos que com os seus tambores, rastas, pulgas e cães poderiam estar num qualquer miradouro do Adamastor perto de nós, mas a verdade é que os meninos tomaram banho, ou não estivessem em tão ilustre sala. O ambiente era familiar, ao fim da primeira música todo o público estava rendido, e as dores de costas e o pouco espaço para as pernas foram esquecidos. I Heard Somebody Say que "o homem sabe animar uma sala", prova disso é que voltaram duas vezes ao palco para encores. Uma noite de sábado bem passada.

A foto é cortesia de http://www.ruadebaixo.com/.

segunda-feira, novembro 14, 2005

3 Novembro 2005, Galeria ZDB, "Final Fantasy"

Em noite de MTV Europe Music Awards, a galeria ZDB trouxe a Lisboa o violinista canadiano Owen Pallett com o projecto alternativo Final Fantasy. Owen trabalha com os Arcade Fire, o que talvez possa justificar a mini enchente que se verificou na ZDB no dia 3 de Novembro. Apresentando-se descalço e contando piadas entre cada música arrancando do público risota em únissono e fazendo humor com pequenas histórias do seu dia-a-dia, Owen Pallett surpreendeu pela positiva, exorcisando os seus demónios quando gritava para dentro do seu violino (e os gritos chegavam a assustar quem passava pela Rua da Rosa). Por oposição apresentou-se também como Ser angelical, deliciando-nos com as músicas do seu recente álbum Has A Good Home e também algumas versões. Segundo o site da Ananana "o álbum mostra um universo de referências que vão de Philip Glass ou Michael Nyman a terrenos folk, não faltando o apelo pastoral de uns Belle & Sebastian ou o onirismo de uma Virginia Astley". Enfim, para quem gosta de Patrick Wolf e Andrew Bird, Phillip Glass, Belle and Sebastian e afins...

domingo, novembro 06, 2005

O Castelo Andante + Wallace & Gromit: A Maldição do Coelhomem

O Castelo Andante
Lembram-se da Ana dos Cabelos Ruivos, do Dartagnan e os 3 Mosqueteiros, o Tom Sawyer, Conan, Heidi, Marco e afins, e toda essa saudosa animação nipónica que nos acompanhou durante tantos anos e que alguns momentos ainda conseguimos reproduzir de tão marcantes que foram? O "Castelo Andante" é seguidor dessa escola. Após "A Princesa Mononoke" e "A Viagem de Chihiro", o realizador Hayao Miyazaki (que criou, entre outros, Conan - o rapaz do futuro que agora foi editado por cá em DVD) oferece-nos um filme cheio de magia. Apesar de a dada altura a narrativa do filme se começar a tornar algo repetitiva e confusa, o saldo final é bastante positivo, e não tem de recorrer aos artificios que o cinema de animação americano tanto recorre, esquecendo-se grande parte das vezes de contar uma história.
Wallace & Gromit: A Maldição do Coelhomem
Fugindo um pouco às animações totalmente manipuladas por computador, mas piscando o olho a uma estratégia tão comercial quanto a desses filmes, Wallace & Gromit estreia-se em formato longa metragem. O humor britânico faz toda a diferença num filme que (lugar comum) é para toda a familia. Prova disso é que a sala estava cheia de crianças, e se o meu receio fosse que as crianças continuassem, durante o filme, a falar alto e a bater com os pés na cadeira como o fizeram enquanto passava uma curta metragem com os Pinguins de Madagáscar Especial Natal, o pior foi constatar que durante o filme foram os pais que não se calaram, a definir já estratégias de "como entretê-los após o filme" e "a que horas jantar", ou as reclamações de terem ido ao engano a uma versão não dobrada em português. Nick Park, o criador original destas personagens junta-se a Steve Box ("A Fuga das Galinhas") na realização desta comédia de animação.