quarta-feira, fevereiro 06, 2008

Into the Wild, de Sean Penn (2007)

"O Lado Selvagem"

Christopher McCandless foi um jovem americano que, como tantos outros, se revoltava contra o sistema no qual aparentemente estava inserido, mas nem por isso se sentia integrado. Aos 22 anos enceta uma jornada imprevisível pela América profunda, com o objectivo final de chegar ao Alasca. Implícita estava uma tentativa de descoberta de si próprio e do seu lugar no mundo. Saliente-se que o rapaz, com curso superior recentemente concluído, tinha todas as hipoteses de ingressar num qualquer emprego, tinha pais influentes, dinheiro e bens materiais. Além disso era também muito inteligente, e excelente aluno. Mas nenhum desses aspectos era realmente importante na sua vida. Na verdade a sua familia era completamente difuncional (como quase todas), e cedo se refugiou também na literatura (que a propósito, o acompanha sempre, até ao último segundo), seguindo ideais de liberdade total, alienação face ao material, paz de espirito e felicidade absoluta e em sintonia com a natureza, valores que o norteavam na decisão de, sozinho, mudar de vida e criar o seu próprio caminho. Este filme, que nos é contado em jeito biográfico, beneficia muito da pessoa que McCandless foi, um perfeito idiota, ou um idealista puro, fica ao critério de quem vê. E o filme assim também poderá ser entendido, uma obra prima ou uma perfeita porcaria. Quanto a mim, penso que ficará no meio termo. Na verdade o filme não é uma obra prima, como o gostam de pintar (apelando claramente aos Oscares). Lá porque tem poesia, música de Eddie Vedder, bons planos e boa fotografia, isso não faz de si um excelente filme. O filme tenta ser mais do que aquilo que é, mas apesar disso o enredo é interessante, e a interpretação do actor Emile Hirsch é bastante boa. Já a dos restantes actores (principalmente os pais), nem por isso, salvo algumas excepções. Mas o que é realmente importante é o legado que Christopher McCandless nos deixou, e a reflexão existencialista que a sua história convoca. No final, McCandless (que se auto-intitulava como Alexander Supertramp, com a rebeldia que o caracterizava) chegou a uma conclusão angustiante (que deixo para quem vir o filme), por talvez ter ido longe demais.

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