sexta-feira, abril 27, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 6 (24/04)
"Falkenberg Farewell" e "Fay Grim"

A nova Sala 2 do S. Jorge (mais arejada, mais espaçosa, melhor som), abriu as portas a um filme que tem sido apontado como dos favoritos ao principal galardão deste festival. Falo de "Falkenberg Farewell" do sueco Jesper Ganslandt. Esta é história de um Verão que podia ser como muitos outros, mas que esse ano foi diferente. Conhecemos um grupo de amigos de longa data que vivem numa terra pouco desenvolvida da Suécia, como passam o tempo, como convivem, o que fazem da vida... Este um filme muito poético, narrado por um dos intervenientes, e que nos fala da passagem do tempo por nós, das decisões que temos que tomar, dos vazios que urge que sejam preenchidos, da vontade de mudar, porém, também nos fala do medo de encarar a mudança. Diz quem conhece a Suécia, que estes jovens lá são mesmo assim, mas após visionar o filme a semelhança com a juventude de qualquer parte do mundo é evidente. Filme de uma beleza incontornável (embora mediano na sua globalidade), foge aos clichés de sexo, drogas, violência próprios de filmes do género, para se concentrar na relação deste grupo de amigos e a sua latente despedida.
À noite "Fay Grim", o tão esperado regresso de Hal Hartley, passou na sala 1 do S. Jorge, com a presença do realizador. O filme parte de personagens do filme "Henry Fool", mas inicia uma história independente que apenas faz alusão ao passado das personagens no anterior filme. Fácil de acompanhar, portanto, por quem nunca viu o anterior. O estilo de Hartley é inconfundivel, uma história entrelaçada com várias outras histórias, personagens nervosas e que falam muito rapidamente, muita coisa a acontecer em simultâneo (uma realização completamente oposta à do filme da tarde). Com a utilização de um humor muito inteligente, e de um constante tom irónico, o filme troça dos filmes de espionagem e conspiração internacional a que estamos habituados no cinema americano. A interpretação da protagonista, Parker Posey (no papel de Fay Grim) é brilhante, e o ritmo da realização estonteante. Peca pela sua duração (quase 2 horas), porque muito do que foi dito e feito podia ter sido tratado em menos tempo.

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