domingo, janeiro 28, 2007

Fast Food Nation, de Richard Linklater


Richard Linklater, realizador de "Geração Fast Food" é o responsável por filmes como "Before Sunrise" e "Before Sunset" e por alguns dos projectos mais originais em termos de linguagem visual que têm surgido nos últimos anos em cinema, nomeadamente "Waking Life" e "A Scanner Darkly". Além do facto de ser um confesso admirador dos seus filmes, a temática da Fast Food que já me havia levado a ver "Super Size Me", suscitou-me novamente interesse. O facto do filme estar no Cinema Nimas foi igual móbil para o ir ver, porque mesmo que tente pôr de parte alguns preconceitos, o Nimas costuma albergar filmes de qualidade comprovada. Neste filme assistimos à recriação de uma cadeia de hamburguers similar à Macdonald's, a Mickey's, que tem como produto estrela, o Big One, uma espécie de Big Mac, que é a jóia da coroa da empresa. A desconfiança de que há porcaria na carne, leva o vice presidente da empresa até ao local de onde a dita carne é proveniente. Esse é o mote que nos conduz até ao cenário do filme, e nos permite aceder a um contexto de produção capitalista e todas as consequências que uma produção que apenas visa o lucro pode ter: os baixos custos de produção, as más condições higiénicas, a mão de obra barata, etc. O filme retrata os destinos de três personagens: o vice presidente da cadeia de restaurantes, um empregada adolescente de um dos restaurantes da cadeia e um conjunto de imigrantes clandestinos que trabalham no matadouro. Essas três histórias não chegam a entrelaçar-se directamente, ainda que os seis intervenientes partilhem o mesmo ambiente. Também nenhuma das histórias chega a ser propriamente aliciante, faltando algum tempero a esta carne... O filme rotula-se como "o mais político dos filmes, dos últimos tempos depois dos filmes de Michael Moore". Apesar da parte final do filme apresentar cenas reais de um matadouro que revelam uma brutalidade sem descrição, cumprindo a missão de escandalizar, não sei se chega a atingir de facto o espectador. Acredito que esta visão parcial impele cada um de nós a informa-se cada vez mais e a tirar as suas próprias conclusões como também acredito que essa pode ser uma das missões do cinema, além da sua função primordial de entretenimento.

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