domingo, julho 20, 2008

O meu irmão é filho único, de Daniele Luchetti (2007)

"Mio fratello è figlio unico" é um dos mais recentes filmes italianos a chegar às nossas salas. A verdade é que filmes provenientes deste país são cada vez mais escassos, por estas bandas, se exceptuarmos os clássicos que a cinemateca passa regularmente ou os filmes de Nani Moretti. Este filme, passado nos anos 60/70 em Itália, conta-nos a história de dois irmãos e a sua família nuns conturbados anos políticamente agitados. Accio, outrora beato, é fascista, Manrico, seu irmão, é um comunista revolucionário. Ambos têm a agitação no sangue, a luta ideológica na pele, e cada um à sua maneira, tenta ser um elemento activo na história política do seu país. Mas este não é apenas um filme político, é essencialmente um filme de afectos. Além destes dois irmãos existe uma irmã, igualmente agitada e revolucionária, e os pais de classe operária, vitimas de injustiças sociais e crentes acérrimos numa mudança de vida. Trata-se de um filme fascinante, pelos valores que transmite, aliando de forma muito interessante o poder ideológico e o peso da do meio e da herança familiar. Um filme que recupera a boa tradição dos filmes históricos, de contar uma história no tempo, de acompanhar personagens em diversos períodos da sua vida e em alturas e marcos importantes do seu país. Um filme que apesar de tudo, poderia ter durado mais algum tempo, e aproveitado esses minutos adicionais para conseguir explorar de forma mais elaborada a personagem de Manrico (já que a história é contada/narrada pelo irmão mais novo, Accio), a personagem da namorada de Manrico, que a dada altura divide os irmãos (por motivos óbvios) ou mesmo da irmã. Ainda assim, estamos perante um belo filme a não perder.

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