domingo, julho 06, 2008

O Segredo de um Cuscuz, de Abdel Kechiche (2007)

Três semanas distam o visionamento do filme e a escrita deste texto. No entanto, está bastante presente na minha memória a constatação de que estamos perante um dos melhores filmes dos últimos tempos. Nem as cerca de 2h30 de filme são motivo de desânimo, pelo contrário, é um filme que nos consome do primeiro ao último minuto. De forma bastante documental, este filme realizado por Abdel Kechiche, conta-nos a história do Slimane, pai de uma grande família, recém desempregado de um emprego precário, que está numa fase da vida em que, com os seus 60 anos, já faz um balanço dos anos vividos, concluindo que poderia ter feito muito mais, que não deixará nada material aos seus entes queridos, ambicionando ainda dar fôlego e rumo à sua vida, neste terceiro acto que agora se inicia. A tarefa não se adivinha fácil. As burocracias associadas a esse tipo de negócio aliadas à discriminação da sociedade francesa relativamente às comunidades imigrantes (que no fundo, também a constituem), são temas constantes. Muito importante é o papel da família, numa clara união familiar que reune filhos, netos, cunhados e noras, amigos, etc. Todos trabalham para ajudar este amado pai de família, que apesar de achar que toda a vida falhou não é assim que é visto por quem o ama e o admira. As interpretações são bastante boas, principalmente da enteada Rym, que protagoniza pelo menos dois grandes momentos do filme. Há alturas em que sentimos que fazemos parte daquela família, gostávamos de estar ali, também queriamos ajudar no que fosse preciso. E quando o cinema consegue despertar no espectador este tipo de sensações, então está tudo dito!

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