sexta-feira, abril 27, 2007

Indie Lisboa 2007 - Dia 7 (25/04)
"The Hottest State", "Analog Days" e "Viva"

Ethan Hawke + Before Sunrise e Before Sunset + juventude = "The Hottest State". O feriado do 25 de Abril foi pretexto para a sala do Fórum Lisboa lotar para ver esta obra de Ethan Hawke, escritor do livro que originou o filme, responsável pela adaptação do livro a filme, realizador, participação especial como actor. Trata-se de uma pelicula que herdou dos filmes de Richard Linklater ("Before Sunrise" e "Before Sunset") os diálogos sobre tudo e sobre nada, sobre a origem das coisas, sobre a morte, sobre a vida, sobre a amizade e o amor. Esta é a história de um jovem actor de 21 anos que se apaixona perdidamente por uma cantora complexa (interpretada por Catalina Sendeno Moreno, que recentemente vimos em "Fast Food Nation"), numa altura em que está a descobrir o que quer fazer da vida, e numa fase em que se vê perante a necessidade de tomar decisões mais estruturadas. Estamos perante uma obra simples que fala do primeiro verdadeiro amor, da dificuldade de manter uma relação, do espaço necessário à sobrevivência, e sobre o ar que cada um de nós deve continuar a respirar. Não caindo no facilitismo (embora tenha alguns clichés tipicos da pós adolescência americana), é com sensibilidade que Ethan Hawke faz uma abordagem sensível dos afectos.
Seguidamente, na mesma sala, "Analog Days", de Michael Hott, aproxima-se do universo de "Falkenberg Farewell" e de "The Hottest State", no que diz respeito à abordagem da juventude, do sentido da vida, da necessidade de tomar decisões sobre o futuro, e sobre a passagem do tempo que nao volta para trás. Este filme, em competição, apresenta-nos um grupo de amigos que terminou a escola secundária e divide o seu tempo numa escola profissional, part-times, etc, como que ocupando o tempo até tomarem uma decisão mais radical na sua vida. Os meses passam e conhecemos este grupo, como passam os dias, o que desejam, os seus anseios, desejos, angústias. Pode parecer muito repetitivo e um assunto demasiado batido, mas esta abordagem apesar de tudo consegue acrescentar mais um pouco às teorias da passagem da adolescência à vida adulta. O filme fala-nos também da vontade de querer mudar o mundo quando somos jovens, mas também da incapacidade que demonstramos em nos movermos para realmente mudar o que criticamos, a diferença entre estar parado e avançar. Por enqunto a vida destes jovens está em suspenso. Destaque para a banda sonora do filme constituida por Elliott Smith, Joy Division, New Order, Interpol, Clap Your Hands Say Yeah ou Bloc Party.

Por fim,à noite e já no S. Jorge, "Viva" surpreende-nos. Quando tive acesso à descrição do filme julgava estar perante um documentário sobre a emancipação da mulher, aproveitando a boleia da revolução sexual. Estava enganado, o filme é de facto sobre essa temática mas é pura ficção, e da mais original. Filmado em cenários que recriam o ambiente dos anos 70, o kitch, as cores berrantes, os penteados, as roupas, conta-nos a história de Barbi (uma autêntica Barbie que parece saida de uma revista Playboy da altura), é uma dona de casa submissa e entediada, que vai viver a revolução sexual que os EUA assistiram na época. Com uma realização muito próxima dos filmes eróticos dos anos 70, "Viva", realizado pela própria protagonista (Anna Biller), é uma agradável surpresa. Embora muito original, o filme acaba por tornar-se um pouco repetitivo e arrasta-se durante algum tempo (a duração é 120 minutos).

http://www.lifeofastar.com/viva.html

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