terça-feira, maio 02, 2006

Double Suicide Elegy, de Toru Kamei

Todos nós procuramos um sentido para a nossa vida, tentamos corresponder ao que esperam de nós, às exigências da família e da sociedade. Enquanto indivíduos em interacção com os outros aprendemos desde cedo a respeitar regras, a apreender princípios, valores e ideais sob os quais nos devemos reger e que sejam comuns e partilhados por todos na comunidade a que pertencemos. Mas quando chegamos à conclusão que estamos a viver uma rotina sem sentido, que o dia-a-dia não nos dá prazer e que não pertencemos ao meio em que estamos inseridos, vislumbram-se poucas hipóteses: tornamo-nos autênticos zombies, ou vivemos à margem ou pomos fim a tudo. Em “Double Suicide Elegy”, ela (Kyoko) e ele (Bandai) reúnem-se diariamente numa casa alugada durante duas horas por dia, tornando-se amantes. Nesta obra de estreia do realizador japonês Toru Kamei, acompanhamos as várias tentativas de suicídio conjunto de duas almas que há muito vagueavam sem sentido e para quem nem o seu encontro (e relação) significa motivo suficiente para demover estas almas deprimidas. O realizador recorre a uma técnica habitualmente utilizada no cinema ocidental independente de apresentar o ponto de vista de cada uma das personagens, técnica que se estende também, de forma original, à visão dos seus respectivos cônjuges. Essa forma de realização confere ao filme uma dinâmica e interesse que dificilmente aconteceria se a história nos fosse apresentada de forma linear.

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