quarta-feira, dezembro 13, 2006

E por falar em Paris...
São dois os filmes, que estão nas salas de cinema, que falam de Paris, passam-se em Paris, ou simplesmente rodeiam-se de Paris.
"Paris Je t'Aime" é um conjunto de 18 mini histórias passadas na cidade (em 18 bairros parisienses), protagonizados na sua maioria por actores conhecidos e realizadores reconhecidos. Na sua globalidade, do filme extrai-se pouco sumo, não há uma coerência ou fio condutor que nos permita olhar para ele como uma soma das partes, e parece que esse era o objectivo, na medida em que o final do filme tenta unir (um pouco à força, diga-se) vários pontos dos vários contos. No entanto, há capitulos bastante interessantes, ainda que demasiado curtos (cada um tem cerca de 8 minutos), o que por um lado deixa uma sensação de insatisfação quando a história é boa, ou alivio quando não o é. Destaque para a curta dos irmãos Cohen, "Tuileries”, protagonizada por Steve Buscemi (o Tony B dos Sopranos), "Quais de Seine”, de Gurinder Chadha que aborda o tema do uso do hijab pelos jovens árabes, “Tour Eiffel”, de Sylvain Chomet sobre a história de dois mimos que se conheceram na prisão e tiveram um filho, e "14ème arrondissement”, de Alexander Payne que relata as férias em Paris de uma senhora que não fala uma palavra em francês.

"Dans Paris" é o novo filme de Christophe Honoré que anteriormente nos tinha brindado com essa pérola de mau gosto que era "Má Mère" com Lois Garrel e Isabelle Huppert. Neste filme, o jovem Louis Garrel junta-se a Romain Duris. Completamente diferente do seu antecessor, Em Paris mantém alguma superficialidade do seu antecessor, acrescenta alguns pós de Nouvelle Vague, e a história é igualmente confusa, mas revela-se muito mais interessante, salientando-se as suas interpretações notáveis. Destaque para Louis Garrel (que já conhecemos também de "The Dreamers") cuja personagem emana uma boa disposição contagiante e uma juventude invejável mantendo o seu tipico tom irónico mas ao contrário do habitual abandonando o tom introspectivo a favor da comicidade. Para o actor ficou reservado o pólo positivo, bem disposto e divertido do filme, em contraponto com o do seu irmão deprimido e infeliz interpretado pelo eterno residente espanhol Romain Duris. Não é fácil entrar na dinâmica do filme, mas a dada altura estamos presos a essa teia que enlaça a história com momentos em que há outros filmes dentro do filme, há narradores participantes, há monólogos, pensamentos e muita música. É um filme pretencioso mas bem intencionado.

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