segunda-feira, março 31, 2008

Weeds / Californication

Um regresso e uma estreia.

A partir de hoje a RTP 2 repete a partir das 00:30 a 1ª e 2ª temporada de Weeds, estreando, ao que tudo indica, na segunda-feira dia 14 a inédita 3ª temporada. Em vez de transmitir 2 episódios de 30 min de cada vez, a opção passa por estrear também nessa data a nova série Californication.
Californication é uma série protagonizada por David Duchovny, completamente diferente do assexual Mulder que conhecíamos de X-Files. Aqui, é Hank Moody, um escritor em crise existencial quer a nível profissional quer a nível familiar, mas com uma excitação sexual acima da média. Uma série arrojada e explícita, que pelos episódios que tenho acompanhado no canal FX, promete.

Quanto a Weeds, nada melhor que começar a semana com Mary Louise Parker e os seus olhos penetrantes.
Ambas as séries têm a chancela da Showtime: http://www.sho.com/

domingo, março 30, 2008

Os Fragmentos de Tracey, de Bruce McDonald (2007)

Fragmentos de Tracey é um filme sui generis. Como o próprio título indica, este é um filme de fragmentos, de pequenos pedaços da vida de Tracey, uma jovem outsider, com bastantes problemas familiares, problemas de integração na escola, que vive igualmente o drama de ter perdido (literalmente) de vista o irmão mais novo, enquanto tinha a sua primeira experiência sexual. Ellen Page (ainda antes de ser Juno, essa outra rapariga tipicamente outsider), é a protagonista desta experiência. Digo experiência, porque este é um filme experimentalista, que vive de avanços e recuos na história, de imagens paralelas, de sobreposição de sons e imagens, divindo-se o ecrã quase sempre em diversos quadradinhos com diferentes ângulos de cada momento ou diferentes formas que o espectador tem de percepcionar uma mesma situação. Mas com tanta fragmentação esquizofrénica, este é também um filme desiquilibrado. Privilegia-se a forma em prejuízo do contéudo. É pena, porque adivinhava-se uma grande obra, feito que passou em grande parte, ao lado. Ainda assim, tem o mérito de ter uma espantosa interpretação de Ellen Page e permitir também que o cinema enverede por caminhos menos convencionais, fugindo ao tão habitual e limitado estilo linear. Destaca-se ainda a música a cargo dos Broken Social Scene.
Curiosamente a Crítica também reagiu de forma bastante antagónica face a esta película. Por um lado temos o crítico João Lopes do DN a considerar que "se há filmes capazes de reflectir a fascinante encruzilhada do melhor cinema moderno, este é, seguramente, um desses filmes" ou Nuno Galopim (também do DN) que o considera "um filme simplesmente imperdível nos ecrãs portugueses", por outro lado o jornal Público atribui-lhe 1 única estrela. Fica à consideração de quem quiser ver e opinar.

http://www.thetraceyfragments.com/

sexta-feira, março 28, 2008

Portishead @ Coliseu Lisboa - 27/03/2008

O regresso dos Portishead a Portugal só poderia ser coisa memorável. Não digo que tenha sido o concerto de uma vida, porque apesar de fã não sou fanático, mas é claramente um dos concertos de uma vida. Mais do que registar os momentos com telemóveis, ou máquinas fotográficas, o essencial é viver os momentos, e saborear a voz sofrida de Beth Gibbons a poucos metros de nós. É um daqueles momentos únicos e dificilmente repetíveis. Após uma excelente prestação dos A Hawk and a Hacksaw (a merecer uma sala só para eles, de preferência a Aula Magna), os Portishead provaram que sabem ser excelentes profissionais, irrepreensíveis, aliando passado e presente de uma forma muito harmoniosa. O novo álbum, para quem já ouviu, é muito mais crú e ruidoso (também os Radiohead mudaram radicalmente e nem por isso ficaram piores), mas funciona muito bem ao vivo. Beth Gibbons, tímida e desengonçada salta para a plateia no final do concerto, para receber os merecidos beijos e abraços. Um concerto magistral. Voltem sempre!


Críticas:




quarta-feira, março 26, 2008

5º Indie Lisboa - 2008

A programação do festival Indie Lisboa foi finalmente anunciada. A mesma está disponível no site http://www.indielisboa.com/ embora ainda sem sinopses ou horários. Os bilhetes serão postos à venda a 1 de Abril, e o festival terá lugar de 24 de Abril a 4 de Maio no S. Jorge, Fórum Lisboa, Londres e Maria Mattos. A aposta este ano será numa programação mais abrangente de forma a conquistar novos públicos, apostando na consolidação do festival. Eu diria que há a preocupação acrescida de ter ainda mais público e assegurar a rentabilidade uma vez que este ano recebem mais apoios que nos outros anos. Desde que não se perca o espírito Indie ...



Algumas notícias sobre o assunto:
DN: Diversidade e descobertas no 5.º Indie Lisboa

JN: Quinto Indie Lisboamostra 238 filmes em quatro espaços

DD: IndieLisboa quer levar filmes às escolas através protocolo ME

CM: Soraia vira jurada

Portishead em Portugal

É hoje o regresso dos Portishead a Portugal, 10 anos depois do tal "concerto da vida" de tanta gente no Festival Sudoeste (eu não estava lá). O primeiro acto é hoje no Coliseu do Porto, seguindo-se amanhã o Coliseu dos Recreios em Lisboa. A primeira parte fica a cargo dos A Hawk and a Hacksaw, banda que já tive oportunidade de ver na Galeria ZDB há uns anos.
Sexta feira é lançado o novo álbum, justamente o "Third" álbum da banda, que por estas bandas já anda a ser digerido calmamente, mas que à partida demonstra uma clara ruptura com o ambiente trip hop dos álbuns anteriores, que já têm uma década.
Para salivar, aqui fica o primeiro single: "Machine Gun"

segunda-feira, março 24, 2008

Cinema Quarteto mais perto do fim

É oficial. O Cinema Quarteto já não vai abrir, a menos que alguém invista na sua recuperação. O principal problema é essencialmente encontrar um sentido para uma futura exploração do primeiro multiplex da cidade de Lisboa. Apostar em cinema comercial além de deturpar o princípio inicial deste cinema de vanguarda, não faria sentido porque jamais conseguiria concorrer com um mercado maioritariamente dominado pelos cinemas em centros comerciais. Uma aposta numa cinematografia alternativa e independente não gera propriamente lucro e viver apenas de subsídios estatais não pode ser, por si só, a única solução. A localização da sala de cinema não é também um ponto a seu favor, já que está inserido numa zona praticamente residencial e pouco apelativa.
Mas o cinema Quarteto poderia fazer a diferença, com uma programação alternativa, que poderia passar por receber algumas extensões de festivais (reposições de filmes do Indie Lisboa, Doc Lisboa, Fantasporto, Festa do Cinema Francês, Inatel...), a par de ciclos organizados em co-produção com institutos e faculdades (Instituto Franco-Português, Italiano... departamentos de cinema das Universidades) ou mesmo sinergias com instituições do Ministério da Cultura como por exemplo a Cinemateca. A par disso, seria fundamental uma exploração do bar, promovendo tertúlias, apostar em exposições associadas à programação, e apostar numa livraria e loja cinéfila (por exemplo transformar 1 das 3 salas num espaço do género).
Por fim, tornar mais atractivo o espaço envoltente, dotando a área de zonas comerciais (esplanadas, cafés) tornando a ligação entre a Avenida da República e a Avenida de Roma (por intermédio da Avenida dos EUA) mais harmoniosa, para que deixe apenas de ser um ponto de passagem. Seria também um favor que fariam às pessoas que ali vivem.

Seguem alguns links para as últimas notícias sobre o tema:

sexta-feira, março 21, 2008

Wide Awake, de Alan Berliner

Hoje, na RTP 2 às 23:30 (e amanhã à 1:35) passa o filme "Wide Awake" que esteve em cartaz no último Indie Lisboa e do qual falei aqui.
Sob a forma de documentário, esta é uma viagem vertiginosa ao mundo do sono, da insónia, da pressão do nascimento de um filho, sobre a confusão e o caos dos nossos sonhos...
Há alturas em que o nosso cérebro não nos dá descanso, principalmente durante os sonhos e só gostaríamos de o mandar calar.

quinta-feira, março 20, 2008

Of Montreal

Já os conheço há uns anos, mas nos últimos meses têm sido presença mais assídua em tudo o que é suporte musical para estes lados. Estes são dois excelentes exemplos:

Wraith Pinned to the Mist and Other Games (do álbum The Sunlandic Twins e da banda sonora da série Weeds)

Heimdalsgate Like A Promethean Curse (do álbum Hissing Fauna, Are You the Destroyer?)

domingo, março 16, 2008

O Voo do Balão Vermelho, de Hsiao-hsien Hou (2007)

"Le Voyage du ballon rouge" é uma homenagem do realizador taiwanês Hsiao-hsien Hou à curta metragem "O Balão Vermelho", de Albert Lamorisse (1956) - que me lembro vagamente de ver quando era pequeno, na RTP.Trata-se, portanto, de uma versão livre, protagonizada igualmente por um rapaz, acompanhado constantemente por um misterioso balão vermelho. Não há muito a dizer sobre o enredo deste filme, aliás a história não tem nada de excepcional. Trata-se de um rapaz que vive com a sua mãe (Juliette Binoche), marionetista que dá também voz aos bonecos dos espectáculos que escreve, e que, absorvida totalmente com o seu trabalho, contrata uma estudante de cinema taiwanesa para a ajudar com o filho. É essa mesma estudante que se interessa em filmar uma história (dentro desta história) sobre um menino e o seu balão vermelho. O filme vive muito de pequenos momentos, que são mais importantes que o enredo, que aqui é meramente acessório. São contemplações, observações, incidentes que geram reacções e explosões que pautam as cerca de 2 horas de filme. São pequenas estórias que norteiam a acção, não havendo pois, um principio, meio e fim ou um todo coerente. Um filme simples e interessante qb. que é também uma homenagem a Paris. Teria sido uma boa ideia repôr a curta original a anteceder o filme. A mesma está disponível no Youtube em quatro partes.
Também do mesmo realizador, está nas salas de cinema, em simultâneo, o filme "Três Tempos".

Curb Your Enthusiasm

O canal FX da Tv Cabo tem estado nos últimos meses a repôr a excelente série "Calma Larry", protagonizada por Larry David, co-autor de Seinfeld. Na RTP 2 já tinham passado as primeiras 4 temporadas, ou seja os primeiros 40 episódios, contudo em além da quinta temporada em 2005 (que supostamente seria a última), eis que uma sexta temporada foi produzida no final de 2007. Ora são esses 60 episódios que têm vindo a ser transmitidos, e a merecer que a RTP se lembre de comprar as últimas temporadas. Por cá, os dvd's, como o nome "A Louca Vida de Larry", não vingaram, e não passaram da edição das primeiras duas temporadas, a um preço pouco convidativo. Uma das séries mais geniais de sempre, exemplo do que mais politicamente incorrecto se faz na televisão americana.


The Soul of Lisbon

Em 2002 a revista National Geographic publicou um artigo sobre Lisboa que continha algumas fotos emblemáticas da Lisboa antiga (clicar para aumentar).


sábado, março 15, 2008

Patrick Watson @ Aula Magna, 13/03/2008

O americano Patrick Watson esteve na quinta-feira na Aula Magna para um concerto bastante simpático. Não sou grande conhecedor da obra de Patrick Watson, apenas comecei a ouvir há relativamente pouco tempo, mas cedo me deixei contagiar pelo seu universo. Como já aqui disse anteriormente, isto seria provavelmente o que Jeff Buckley estaria a fazer se fosse vivo...
Em concerto, a sonoridade é ligeiramente diferente dos álbuns, mais intimista e sussurrante, mas bastante adequada à sala de espectáculos em questão. De salientar a interacção constante com o público, sem o qual este concerto não seria tão bom. A dada altura Watson salta para o público com a sua banda, simbolizando a perfeita simbiose entre a sua música e o apreço do público (esse e outros momentos já estão registados no You Tube).

Fica aqui mais uma música retirada do último álbum "Close to Paradise" de 2006.
"Luscious Life"

sexta-feira, março 07, 2008

Incêndio no Chiado - 25/08/1988

Apareceu esta semana no Youtube, o registo da emissão da RTP aquando do terrível incêndio no Chiado a 25 de Agosto de 1988. Trata-se de um documento importantíssimo para a história desta cidade. Locais como a Casa Batalha, a Perfumaria da Moda, os Armazéns do Chiado, a discoteca Valentim de Carvalho ou o armazém Grandella foram completamente destruídos pelas chamas. 2 vidas se perderam, e foram 73 os feridos, entre os quais bombeiros.
Hoje em dia, com outros meios, seria muito fácil aos media fazer a cobertura total de um acontecimento do género. Naquela altura, esta emissão representou um certo arrojo e inovação na forma de fazer televisão. É, aliás, bastante curiosa a diferença entre a contenção e seriedade de quem estava em estúdio (hoje é impensável, os pivots têm sempre um tom alarmista), em contraponto a quem estava no local. Oportunidade também para ver jornalistas como Mario Crespo, Dina Aguiar, Laurinda Alves, Carlos Fino e Manolo Bello, entre outros, há 20 anos, e tão diferentes ...
O actual Chiado, que mateve a traça antiga, é de autoria do arquitecto Siza Vieira.
Seria bom ver a restante Baixa da Cidade revitalizada e renovada sem que fosse necessário outra catástrofe.

Vídeos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9

quarta-feira, março 05, 2008

Garage, de Lenny Abrahamson (2007)

Uma das primeiras surpresas do ano, é este filme irlandes. Trata-se da história de um homem extremamente solitário que trabalha numa bomba de gasolina numa qualquer terra provinciana da Irlanda. Josie, assim se chama o senhor, é aquela personagem que todas as aldeias têm, que toda a gente conhece e aceita com alguma condescendência e pena, um bobo da côrte. Josie é um homem simples, solitário, muito pouco ambicioso e de certa forma triste, mas ainda assim tem sempre uma palavra de optimismo e facilmente se conforma com a adversidade, embora também nada faça para mudar a sua situação. Josie tem momentos só seus, nos quais sente-se realmente feliz. Mas um dia, o carácter de Josie vai ser posto em causa, quando apanhado numa situação inconveniente, que o envergonha. Este é um filme que vive de muitos silêncios, de pensamentos inacabados e frases que ficam por dizer. Assistimos ao dia-a-dia entediante desta personagem, à sua interacção com outros elementos da sua comunidade, com o seu patrão, com as mulheres e homens da aldeia, e principalmente com um adolescente que é contratado para o ajudar na bomba de gasolina e o seu grupo de amigos. É a história de um homem banal, que apesar dos silêncios está a gritar por dentro, e acaba por ser traído pela sua própria inocência. Afinal, já não há espaço naquela aldeia para um tonto como Josie. O provincianismo pacóvio daquela aldeia acaba por ser uma das críticas mais subliminares desta obra.

The Kills, Midnight Boom

Está a chegar mais um novo álbum da dupla "The Kills". Álbum bem mais interessante que os anteriores registos, do qual se destacam "Cheap and Cheerful", "Tape Song" e claro está, o primeiro single "U.R.A. Fever". A banda vai estar na Casa da Música no Porto, a 12 de Abril.

The Kills: U.R.A. Fever

terça-feira, março 04, 2008

Juno, de Jason Reitman (2007)

"Juno" é o novo "Little Miss Sunshine" do cinema norte-americano. Nos últimos anos temos assistido a um aumento da produção de cinema dito independente nos EUA, embora esta não deixe de ser protagonizada normalmente por actores relativamente conhecidos. Não se trata de um tipo de cinema marginal de espirito Indie, mas ainda assim representa uma crescente tentativa da produção norte-americana filmar outras histórias, fugir ao mainstream (embora continue a piscar o olho a esse público) e diversificar a oferta. Também os Óscares, começam a olhar para este tipo de filmes. A boleia das suas nomeações (o filme entretanto venceu na categoria de Melhor Argumento Original) atraiu muita gente ao cinema, principalmente nos EUA, tornando-o um sucesso de bilheteira aparentemente inesperado.
"Juno" tem todos aqueles ingredientes típicos do tal dito cinema "alternativo" americano, desde as grandes revelações na interpretação até aqueles actores secundários que nunca ninguém repara mas que nestes filmes são sempre aclamados. Tem uma excelente banda sonora, a apelar aos ouvidos mais alternativos (Belle and Sebastian, The Kinks, Sonic Youth...) e personagens disfuncionais, atípicas, outsiders. E tem também o dom de contar uma história séria com bastante humor e de forma ligeira, o que também é típico deste género de filme. Os diálogos, apesar de simpáticos e engraçados, revelam também a tentativa excessiva de debitar pérolas que fiquem na memória. A fórmula, pois, já estava inventada.

Juno é uma adolescente que engravida do seu apático e geek amigo Bleeker e opta por não fazer um aborto mas sim recorrer à adopção. Para tal escolhe o casal de yuppies que lhe parece ideal, tentando assegurar que aquela criança terá o que neste momento não está preparada para lhe dar. Juno não é uma adolescente típica, não é apática, tem sempre algo a dizer e recorre regularmente ao sarcasmo e à sinceridade espontânea. É com essas caracteríticas que Juno invade as vidas de quem com ela contacta, e como seria de esperar, este não é um filme sobre uma gravidez indesejada, é um filme sobre afectos, relações humanas, que mais uma vez nos revela uma geração (na casa dos 15) que tem tanta coisa para se entreter mas está sempre entediada, mas que foca igualmente a geração seguinte (na casa dos 30) que nunca é aquilo que um dia quis ser, ou mesmo a geração dos pais, que normamente está tão desfasada em relação à dos filhos.
Apesar de não ser um filme muito original, vale a pena descobrir o universo de Juno. Há no entanto que encontrar um melhor caminho para o chamado "Novo Cinema Americano", uma vez que este género que aqui vemos já tem vindo a ser amplamente explorado (geralmente bem) nas séries de televisão.

segunda-feira, março 03, 2008

The Darjeeling Limited, de Wes Anderson (2007)

O que dizer de The Darjeeling Limited? Algumas semanas passaram desde o visionamento deste filme, mas a dificuldade em falar do mesmo mantém-se. Talvez porque foi a primeira obra de Wes Anderson a que assisti, e a ausência de referências relativamente aos seus restantes filmes não me deixa estabelecer as habituais comparações. Estamos face à original história de três irmãos que não se falam há 3 anos e que embarcam numa viagem de comboio até à India, viagem essa que é literalmente uma viagem de redenção e reflexão, de exorcismo de fantasmas, arrisco mesmo dizer, serve quase como purgatório das suas almas deambulantes e sem destino. Nada melhor, portanto, que partir de comboio (que belo veículo para este tipo de exercícios reflexivos) para uma cultura totalmente diferente da nossa. São 3 irmãos amigos, mas que podiam não ser, questionam mesmo a própria confiança que têm entre si. São vencidos da vida, personagens perdidas e apáticas que procuram algo, mas não sabem bem o quê, provavelmente adquirir a capacidade de se relacionar, comunicar e confiar nos outros. É também uma viagem que serve para se despedirem do pai, já falecido, e que está sempre presente porque eram suas as malas que os filhos carregam consigo, mas das quais abdicam lá mais para o fim do filme. Queriam também encontrar a mãe, algures por aquelas bandas em missões de voluntariado, mas que não quer ser encontrada. A história foi escrita pelo próprio Wes Anderson, juntamente como Roman Coppola e Jason Schwartzman. Este último juntamente com Owen Wilson e Adrien Brody formam o triangulo protagonista do filme.

Destaque ainda para a curta metragem que antecedeu a pelicula "Hotel Chevalier", e que serve como uma espécie de introdução ao filme, embora dele possa ser independente. A curta é protagonizada pela personagem de Jason Schwartzman e por Natalie Portman, e tem como cenário de fundo um apartamento em Paris. Os diálogos são parcos, pouco ou nada sabemos daquelas personagens, apenas reparamos que algo está para começar, ou acabar. Funciona muito bem como prólogo. Por último, a banda sonora. Este é daqueles filmes que dificilmente conseguimos dissociar da música. Esta oscila entre temas musicais de clássicos do cinema indiano e, entre outros, os The Kinks. E no final, os "Champs Elysees" de Joe Dassin até parece a música das nossas vidas! Um filme bastante agradável aos ouvidos, aos olhos e com um pouco de sorte até conseguimos sentir o cheiro a caril!

www.castellolopesmultimedia.com/darjeelinglimited
www.foxsearchlight.com/thedarjeelinglimited