quarta-feira, setembro 26, 2007

"2 dias em Paris", de Julie Delpy
He knew Paris was for lovers... He just didn't think they were all hers

Marion (Julie Delpy) e o seu namorado Jack (Adam Goldberg) após umas atribuladas férias em Veneza, resolvem passar dois dias em Paris, cidade mãe de Marion. Não existirá melhor lugar do que Paris para reacender a chama de uma paixão que já viu melhores dias, mas a cidade dos amantes, cedo se revelará a cidade de todos os amantes... dela. Julie Delpy escreveu e realizou esta que é a sua primeira longa metragem, bem ao estilo Richard Linklater (Delpy foi protagonista de Before Sunrise e Before Sunset do realizador), mas também com grande proximidade de diálogos, personagens e um enredo dado a equivocos, típico de Woody Allen. Aliás, Jack, interpretado por Adam Goldberg, é o tipico americano neurótico, medroso e hipocondriáco, à imagem de Allen (também judeu), e não será menos verdade dizer que Delpy nos faz lembrar também Diane Keaton, por exemplo em Annie Hall.



Julie Delpy, como realizadora e argumentista, consegue dar-nos um pouco mais do que essa colagem estilistica. Consegue fazer uma comédia romântica inteligente, que põe a um canto as típicas comédias românticas recheadas de lugares comuns. Contudo, o filme não é, seguramente, uma obra-prima, longe disso. É um filme despretensioso que nos apresenta uma Julie Delpy também ela própria neurótica, irritadiça, mal-educada e mentirosa, longe da imagem de menina bem comportada que temos dela. Todavia, a dada altura a fórmula do filme parece ter-se esgotado, e há claramente momentos de impasse ou pouco consistentes na história, e que poderiam ser resolvidos e tratados de forma diferente. Talvez, como li numa crítica no jornal Público, o filme fizesse mais sentido como curta metragem.

Por detrás da história da relação do casal propriamente dita, há toda uma critica presente, relativa aos estereótipos americanos e franceses, tais como as paranóias dos americanos quanto ao terrorismo, com alfinetadas à administração Bush, os comportamentos libertinos e boémios dos franceses e as demonstrações de xenofobia, machismo e preconceito dos taxistas.


Por fim, de salientar alguns pormenores curiosos. Os pais de Delpy no filme são de facto os seus pais, Adam Goldberg é seu ex-namorado e o gato Jean Luc é, na realidade o seu gato Max. Será esta a verdadeira Julie Delpy, que se quis mostrar ao mundo cinematográfico como é de verdade? Provavelmente não. E como bónus, uma pérola de tradução: diz Jack “I watched M until four in the morning” (refere-se a "M", filme de Fritz Lang de que é inclusive mostrado um excerto quando o mesmo está a ser visualizado); a tradução foi: “Estive a ver a MTV até às 4 da manhã”!

domingo, setembro 23, 2007

Cruel (Ondskan) de Mikael Håfström
no leitor de dvd

O filme tem como cenário Estocolmo, anos 50. Um jovem de 16 anos, vítima de maus tratos pelo seu padrasto, e com um historial de violência na escola, é enviado para um colégio interno, última chance para se libertar dos traços de mau comportamento que o caracterizam e da violência que diariamente vivencia. Durante pouco mais de hora e meia assistimos ao percurso de Erik Ponti (Andreas Wilson, actor que já contracenou com Diogo Infante no filme "Animal"), jovem de 16 anos que vai tentar evitar caír em nova espiral de violência e não deitar tudo a perder. Contudo, o ambiente que vai experienciar não é o mais favorável, depara-se com um panorama de dominação dos mais velhos sob os mais novos, de posturas nazis e autoritárias, de "brincadeiras" que de inocentes não têm nada.
Erik viverá um dos grandes conflitos da sua vida, suportar aquele regime rigoroso mas simultaneamente destacar-se pondo em causa as regras e leis sob as quais aquele colégio se rege. Estamos face a um filme que embora passado na Suécia dos anos 50, podia passar-se hoje. Não estamos afinal tão longe de realidades nas quais os abusos fisicos e psicológicos, bem como a dominação simbólica ao mais alto nível, está presente. Estreado em Portugal em 2005 (com um ano e meio de atraso) este filme esteve nomeado em 2004 para Óscar de melhor filme estrangeiro. Boas interpretaçoes e um argumento coerente e eficaz, fazem de "Cruel" um bom filme.

sexta-feira, setembro 21, 2007

Weeds
Soundtrack 1 e 2


Um dos aspectos que contribui para que a série Weeds seja de facto muito boa, é a sua banda sonora original. Nomes como Elvis Costello, Of Montreal, Regina Spektor e Sufjan Stevens estão por aqui.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Nina Simone, "Feelin' Good"
Six Feet Under Soundtrack 2

Recordar a série Sete Palmos de Terra, é também ouvir a sua banda sonora. Nina Simone com Feelin' Good, aqui no trailer promocional da quarta temporada.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Revistas Disney em Portugal
Mais um assassinato

Fiquei chocado quando soube hoje que as revistas Disney como Pato Donald, Tio Patinhas, Hiper Disney, etc, deixaram de ser publicadas em Portugal, após 26 anos de edição regular no nosso país. Actualmente o grupo que detinha os direitos para Portugal era a Edimpresa (grupo Balsemão). Durante muitos anos, li e coleccionei dezenas (talvez centenas) de revistas minhas e de outras pessoas da familia, fui sócio do Clube dos Amigos Disney e sinceramente só não mantive o vício até hoje por meras questões monetárias. Dar 650$ por um Hiper Disney nos anos 90 não era propriamente barato...
Hoje provavelmente estas revistas até eram mais baratas. Longe vão os tempos em que a Portugal só chegavam as edições brasileiras, tendo começado a surgir, sensivelmente há 18 anos, as primeiras ediçoes portuguesas, com uma tira no canto superior direito, das cores da bandeira nacional. Longe vão os tempos em que me dirigia ao quiosque perto da minha casa, e pedia para entrar e ver qual é que me apetecia comprar... porque apesar de gostar da Disney na globalidade, para mim genuínos eram os Tio Patinhas e os Donald, e não personagens secundárias que por vezes tinham direito a histórias exclusivas. Longe vão os tempos de leitura destas revistas na praia ou antes de adormecer... ou a qualquer hora do dia.
Provavelmente não leio nenhuma destas revistas há mais de 10 anos, mas é daquelas coisas que nunca imaginamos que um dia vá acabar. Agora, resta aos fãs e crominhos da BD correr até aos alfarrabistas. Eu serei um deles. Enfim, os clássicos são assassinados por causa de Floribellas e Chiquititas fúteis e anormais, de quem já não se ouvirá falar daqui a um ano ou dois.

terça-feira, setembro 18, 2007

Elevador da Glória
Reabertura

O elevador/ascensor/funicular da Glória, que liga os Restauradores ao Bairro Alto/Principe Real (desde 1885), voltou hoje a funcionar, após 1 ano e meio parado. O elevador esteve parado devido às obras na Estação do Rossio, paragem que deveria apenas ter durado 6 meses. Um ano e meio depois, já é possível de novo encurtar a distância entre estas 2 zonas da cidade.
Pena é que mesmo ao lado não haja luz ao fundo do túnel para o Miradouro de Santa Luzia, cujas obras estão embargadas por falência da construtora.

Revista Premiere
O FIM

A revista Premiere Portugal vai deixar de ser publicada, após quase 8 anos de edição. Os motivos prendem-se com a saída de Portugal do grupo editorial da revista, bem como ao facto da própria Premiere Francesa estar a fechar uma série de edições da revista em outros países, como é o caso dos EUA, onde actualmente a revista existe apenas em formato on-line.É com muita pena que vejo esta revista sair do mercado. Apesar de ser uma revista que na sua maioria estava direccionada para o cinema mainstream (de outra forma provavelmente nunca venderia exemplares), existia um cunho próprio que a distinguia das suas congéneres estrangeiras, e era a única revista de cinema em Portugal, com publicação regular, e com alguma qualidade. Foi também com esta revista que surgiram os primeiros lançamentos de DVD's a preços mais acessíveis vendidos com a revista. Outubro, será o último mês da revista. Aqui pode ler-se o "desabafo" do seu director.

segunda-feira, setembro 17, 2007

The Sopranos

A série The Sopranos foi a grande vencedora dos Emmys deste ano. Prémio para melhor série de televisão. Os prémios valem o que valem. Resta-nos aguardar que a RTP2 transmita os últimos 8 episódios, provavelmente em Outubro. Até lá, e a partir de dia 24 pode ser (re)vista a primeira parte da última temporada na rubrica Noites da 2, de segunda a sexta-feira, depois da meia noite.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Downtown, by Petula Clark

Pode parecer uma música fútil, mas numa altura em que se tem falado muito de Baixa, Chinatown e afins, e já que o espírito não anda muito lá no alto, esta música de Petula Clark faz todo o sentido (mesmo que na altura tenha sido escrita provavelmente para donas de casa enfadadas).



When you're alone
And life is making you lonely,
You can always go downtown

When you've got worries,
All the noise and the hurry
Seems to help, I know, downtown

Just listen to the music of the traffic in the city
Linger on the sidewalk where the neon signs are pretty
How can you lose?

The lights are much brighter there
You can forget all your troubles, forget all your cares and go
Downtown, things'll be great when you're
Downtown, no finer place for sure,
Downtown, everything's waiting for you
(Downtown)

Don't hang around
And let your problems surround you
There are movie shows downtown
Maybe you know
Some little places to go to
Where they never close downtown

Just listen to the rhythm of a gentle bossanova
You'll be dancing with 'em too before the night is over
Happy again

The lights are much brighter there
You can forget all your troubles, forget all your cares and go
Downtown where all the lights are bright,
Downtown, waiting for you tonight,
Downtown, you're gonna be alright now
(Downtown downtown)

Downtown
(Downtown)

And you may find somebody kind to help and understand you
Someone who is just like you and needs a gentle hand to
Guide them along

So, maybe I'll see you there
We can forget all our troubles, forget all our cares and go
Downtown, things'll be great when you're
Downtown, don't wait a minute more,
Downtown, everything's waiting for you

Downtown (downtown) downtown (downtown)
Downtown (downtown) downtown (downtown)
(repeat and fade out)

segunda-feira, setembro 10, 2007

Elliot Smith
New Moon (2007)

Às vezes apetece mandar calar os vivos e apenas ouvir os mortos.

http://www.myspace.com/elliottsmithnewmoon

sexta-feira, setembro 07, 2007

Uma Lisboa que se despede

Hoje, dia 7 de Setembro, está previsto o fim do Grémio Lisbonense, situado no Rossio, onde está desde a sua fundação, 1842. Os motivos podem ser lidos aqui.
Como já vem sendo hábito Lisboa vai perdendo os seus ícones, pedaços da sua história. A Baixa de Lisboa dá mais um passo para se afundar de vez. Perde-se um pouco mais de património histórico, bem como é dada mais uma machadada na identidade cultural dos lisboetas e de quem vive e gosta desta cidade.

Um pouco mais ao lado despede-se também hoje a igualmente centenária Loja das Meias (que apenas vai sair do Rossio). Vamos ver que destino é que aquele espaço vai ter.
A despedida é tudo menos feliz, como se pode ver pelo aviso nas montras (cuja foto tirei ontem). Provavelmente o Z de arrazar, já é um prenúncio de Z de Zara.

quarta-feira, setembro 05, 2007

Festivais de cinema em Lisboa
de Setembro a Novembro

Em tempo de vacas magras, e porque acaba por ficar sempre mais barato ir ao cinema sob a forma de festival, nos próximos tempos, estes ditos cujos irão proliferar-se como cogumelos, em Lisboa. E há de todos os tipos, géneros, feitios, gostos, tendências, modas, etc.
http://www.egeac.pt/

MoteLx - 1º Festival Internacional de cinema de terror de Lx, 5 a 9 de Setembro, Cinema S. Jorge
http://www.motelx.org/

Queer Lisboa - 11º Festival de cinema gay e lésbico, 14 a 22 de Setembro, Cinema S. Jorge
http://www.queerlisboa.blogspot.com/

2ª Mostra de Cinema Brasileiro, 18 a 21 de Outubro, Cinema S. Jorge

Doc Lisboa - 5º Festival internacional de cinema documental, 18 a 28 de Outubro, Culturgest, Cinema S. Jorge e Cinema Londres

8ª Festa do Cinema Francês, 3 de Outubro a 3 de Novembro, Cinema S. Jorge

terça-feira, setembro 04, 2007

Falta-me...
documentário de Cláudia Varejão (2005)

Lisboa é uma cidade que nos consome, pela sua dinâmica, pelo barulho, pelo trânsito, pelas pessoas, pelo stress. Às vezes é preciso parar, observar e disfrutar a sua beleza. Esses momentos de ócio dão-nos tempo para pensar. Neste documentário, de Cláudia Varejão, pede-se a 70 pessoas da área metropolitana de Lisboa, dos mais diferentes quadrantes, idades, crenças, géneros, que escrevam num quadro de lousa o que mais lhes faz falta. São surpreendentes as respostas, mas também ver algumas das pessoas conhecidas que aceitaram participar. Passou hoje à noite na RTP2 (depois de ter dado na RTP1 há um ano). E então, o que é que nos falta?

domingo, setembro 02, 2007

Mysterious Skin
de Gregg Araki


Ainda em plena silly season vale a pena ir ao cinema ver "Mysterious Skin", um filme do realizador Gregg Araki, com o jovem Joseph Gordon-Levitt (mais conhecido pelo seu papel na série 3º Calhau a Contar do Sol). Trata-se de um filme pesado, que por vezes nos deixa sem fôlego, e nos causa em determinadas circunstâncias uma sensação de incómodo tremenda. Talvez por isso nem sempre seja um filme fácil de digerir, mas gradativamente vai tornando-se cada vez mais interessante. O filme, baseado na obra de Scott Heim, é sobre um passado comum vivido por 2 crianças, e a forma como a sua vida foi influenciada pela situação que viveram. Ambos seguiram caminhos distintos, mas encontram-se no final do filme como que para exorcizar os demónios que os atormentaram toda a vida. Apesar de uma temática pesada (pedófilia) e conteúdos por vezes demasiado duros (alguma violência sexual), a narrativa desenrola-se de forma natural, sendo realizado com grande sensatez e sensibilidade, mas também de forma crua e directa, sem grandes moralismos. É um agradável filme mediano. Não se compreende o motivo do filme ser de 2004, ter estreado em 2005 e apenas chegar a Portugal no final do Verão de 2007.